terça-feira, 20 de novembro de 2012

O que elege? Quem se elege? 

Adeli Sell*

Se você pensou logo de cara: “trabalho e dedicação às Entidades Públicas”, pasme, nem sempre é assim. No último pleito, Brasil afora, vimos que ainda existem práticas condenáveis no cenário eleitoral e que os elementos para a vitória nas urnas às vezes cheiram a fumaça.
As relações comunitárias e de base, em alguns casos, sucumbiram ao frívolo jogo de eventos populares e trocas de favores. As dobradinhas galeto e placa; asfalto e churrasco; cartaz e festa ainda não foram superadas pela campanha nas redes sociais ou pela boa militância corpo a corpo, cuja estratégia é a troca de ideias. 
Mas as mazelas não são unilaterais. É um período de muita produção gráfica, intenso gasto publicitário e promocional. Profissionais liberais e empresas do setor produzem como nunca. Enquanto fecham arte de um candidato, alguns esbravejam “eu odeio política. Não preciso dela”. Pois bem, caro leitor, vamos falar sobre isso. 
A quem serve um financiamento privado das campanhas? Por que é mais simples doar sem declarar e usar sem prestar contas? A esta altura vocês já podem estar calculando quanto custa para fazer a placa de sua loja e quanto deve ter custado um caminhão de placas e cavaletes que redecoraram a cidade no último período. Muitos destes famosos das calçadas declararam gastos pífios, apesar da grande estrutura eleitoral. Anúncios em capa de jornal, carros de som e eventos. Um grande número de artifícios que, ruidosamente, calam o diálogo e não permitem a discussão. Quem ganha com isso? 
Contabiliza-se em ‘rádio corredor’ que alguns candidatos tiveram mais de mil muros pintados na cidade e isso, por certo, não devem estar lançados na prestação de contas. Mas se é possível auditar, porque não confrontar os relatórios de despesas? Quem ganha em cegar? 
Candidatos com rostos fixados em tapumes de obras e até, ilegalmente, em bares. Tudo isso fez parte do mais recente pleito municipal, enquanto parte do eleitorado se organizou em rede, nos espaços de trabalho colaborativos, em coletivos sociais. 
Mas a campanha, infelizmente, ainda não se modernizou. Talvez este contraste aumente o coro dos que dizem viver sem política. Mas todos reclamam e poucos querem falar sobre o tema. Precisamos falar sobre eleições. Quem quer?
Enquanto alguns calam, eu sigo sendo um rebelde. Um rebelde com causa. Minha causa é o trabalho, a ética e a coragem.
*vereador e presidente do PT-POA

Um comentário:

  1. Adeli Sell fundamentou com escorreita feitura seu comentário, análise. Destarte, o povo ainda não absorveu a essência do que é importante. Este toma lá da cá, é deveras nojento da forma como ocorre.
    Um voto, deve ser bem utilizado, o eleitor precisa ao menos conhecer algo a respeito do candidato, pesquisar, investigar, etc. Depois, decida-se.
    Parabéns Vereador Adeli .

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