O presidente da Corte,
Ayres Britto, declara aberta a sessão de hoje. Ele faz um retrospecto da sessão
de ontem, na qual o revisor, Ricardo Lewandowski, conclui seu voto sobre a
primeira parte do item 6. Ayres Britto concede a palavra ao ministro relator,
Joaquim Barbosa, que fará algumas considerações sobre as divergências do voto
do revisor.
"Eu não preciso de
mais do que 10 ou 12 minutos. Queria falar inicialmente sobre o tópico da
lavagem", diz Barbosa.
"A lavagem de
dinheiro é hoje uma preocupação mundial. Há toda uma vasta contestação
planetária no sentido ao combate a esse crime. Não podemos nos manter alheios a
isso", diz o relator. "O revisor disse que não admite o dolo eventual
no crime de lavagem. Ocorre que tal afirmação é irrelevante, uma vez que o caso
tratado nos autos trata de dolo direto", afirma Barbosa.
O relator relembra a tese
defendida por Lewandowski, de que o recebimento de numerário por interposta
pessoa, "que é a ação mais comum neste caso", não caracterizaria
lavagem. "Diante deste argumento, convém lembrar que a lavagem se
caracterizou, no caso, principalmente pela utilização da engenharia de lavagem
disponibilizada pelo Rural e por Valério", diz o ministro.
"A SMP&B emitia
um cheque nominal a ela própria. Cheque este que, embora fosse destinado a uma
terceira pessoa, era formalmente registrado como se tivesse sido levantado para
a própria agência". "O que é isto, senhor presidente, senão lavagem
de dinheiro? O que importa é a engrenagem utilizada para simular", afirma
Joaquim Barbosa.
Ele diz que os réus
sabiam da origem ilícita do dinheiro. "A não ser que eles tenham achado
que Valério e o Rural haviam se transformado em Papai Noel e distribuído
dinheiro em SP, BH e Brasília".
Barbosa fala sobre o
crime de corrupção passiva e cita o réu Pedro Henry, que foi absolvido por
Lewandowski.
"Pedro Henry detinha
sim, também ele, o domínio funcional dos fatos", diz. "É equivocada,
a meu sentir, a proposta de absolver Pedro Henry por não haver prova de que ele
recebeu dinheiro do esquema".
Por último, o relator
fala sobre o caso de Emerson Palmieri, que também foi absolvido pelo revisor.
"Emerson Palmieri
recebeu a função de orientar os intermediários do PTB na forma de recebimento
dos pagamentos realizados pelo PT", diz Barbosa.
Barbosa termina sua
manifestação. O presidente da Corte passa a palavra à ministra Rosa Weber, que
fará a leitura de seu voto.
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