Governo reserva R$ 2,7 bi para acalmar a base
Num esforço para evitar que a base do governo rache às vésperas
das eleições municipais, o Palácio do Planalto acertou com a equipe econômica a
liberação de emendas individuais de até R$ 4,5 milhões para cada um dos 594
parlamentares (513 deputados e 81 senadores). Como a lei eleitoral proíbe que
as emendas sejam liberadas até três meses antes do pleito, o governo corre
contra o relógio: esse prazo termina na sexta-feira, 6.
A decisão já surtiu efeito: a Câmara desativou o pacote de
projetos-bomba que poderiam impactar os gastos do governo. Os parlamentares da
base vinham aproveitando votações importantes para cobrar a fatura de suas
demandas não atendidas.
Se todas as emendas dos congressistas forem empenhadas, o
desembolso do governo será de R$ 2,673 bilhões. Só que a maior parte
dificilmente será liberada porque faltam projetos ou base legal para o
pagamento.
Por causa na demora na liberação das emendas, o governo tem
enfrentado problemas com vários partidos, seja o PDT, com pressões do
ex-ministro Carlos Lupi (Trabalho) e do deputado Paulinho da Força Sindical
(SP), seja o PSB ou o PTB. Como a nomeação para os cargos de confiança é
tratada a conta-gotas – e isso tem barrado as indicações –, o governo tem
conseguido manter certa fidelidade da base à custa de promessas de que abrirá a
torneira das emendas.
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que no fim
da semana passada o governo fez "um mutirão" de vários ministérios
para verificar quais emendas parlamentares podem ser aprovadas.
Mas Ideli advertiu que a emenda só será efetivamente liberada se a proposta
estiver vinculada a um projeto de obra aprovado ou se a prefeitura beneficiada
não tiver pendências com o governo federal.
Sem previsão. Segundo a
ministra, desde abril foram feitas três liberações para os parlamentares, que
somam R$ 1,7 bilhão do orçamento de 2012. Ideli, porém, disse não ser possível
prever quanto poderia ser liberado até sexta-feira.
"Depende da operacionalidade dos ministros e ministérios e
também dos municípios", afirmou. "No Ministério das Cidades, quase
metade do que foi indicado para empenhar não poderá ser feito porque os
municípios não tinham credenciado a proposta. Isso foi avisado a eles, que
estão correndo para ver se conseguem ainda a liberação."
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