Lave as mãos, mas não deixe o país
entrar em uma crise econômica
Por Alexandre Garcia
O nosso Sistema Único de Saúde (SUS) está à
altura das necessidades de uma crise sanitária como essa. Vejam só os números
divulgados, nos Estados Unidos, pelo Johns Hopkins Hospital.
Nós somos os terceiros do mundo em números de
leitos em UTIs – apenas perdemos para os Estados Unidos e Alemanha. Nós estamos
na frente da França, da Itália e da Espanha.
Nós temos 23,3 leitos de UTI por 100 mil
habitantes. A Itália tem 12 por 100 mil habitantes, a França tem 11. Já os
Estados Unidos têm 34 por 100 mil e a Alemanha tem 29. É uma boa notícia.
Não existe vacina. Melhor remédio contra o
coronavírus é lavar as mãos
A vacinação contra a gripe H1N1 foi antecipada
e começou hoje (segunda-feira, 23). Não é uma vacinação contra o coronavírus –
que não existe. Por enquanto, o melhor remédio contra o vírus é lavar as mãos
com água e sabão.
Nesse momento, evitar contato com outras
pessoas também é um ótimo remédio. Muitas vezes o sujeito está em boa situação
sanitária, mas pode estar com a doença. Talvez tenha até um leve resfriado e
depois passa.
A pessoa que tem a saúde debilitada somada à
idade tem mais possibilidade de pegar coronavírus, tanto que já morreram
pessoas aqui no Brasil. Temos que tomar alguns cuidados.
Crise pode ficar maior com a depressão
econômica
Outro perigo no momento é a gente criar uma
crise maior na vida de todos nós com uma depressão econômica. Ainda bem que o
presidente recuou em relação à Medida Provisória que suspendia contratos de
trabalho.
A MP tirava o combustível da atividade
econômica, permitindo a suspensão de pagamentos de salários por até quatro
meses. Eu tenho vários amigos empresários do setor aéreo que estão em casa,
recebendo 25% do que recebiam mensalmente.
No entanto, 80% dos voos da China já estão
reativados, 90% do comércio chinês também estão. As fábricas de automóveis e
eletrodomésticos estão trabalhando em carga máxima para atender todos os
pedidos.
Já a Itália, a Espanha, a França e a Alemanha
estão paralisadas, e a Inglaterra decretou estado de emergência. Eu acho que a
gente não pode ficar assim.
Somos um país tropical, temos muitas
diferenças. O que vale para São Paulo não vale para o Pará. Se há necessidade
de tomar medidas drásticas em São Paulo, certamente não é preciso em cidades em
que as pessoas vivem distantes umas das outras ou em que não há casos da
doença.
As medidas drásticas acabam com a economia,
com a renda, com a arrecadação, com o pagamento de imposto – e daqui a pouco
acabam com o serviço público por falta de recursos.
A cada dia é preciso considerar a atividade
econômica e o vírus. A gente não pode sair de uma crise sanitária para entrar
em uma crise econômica, que pode deixar as pessoas na miséria.
Será que vamos ter que pedir dinheiro
emprestado para a China?
A agricultura continua produzindo. Inclusive,
a produção de proteína vai muito bem porque a China está comprando bastante
tanto carne, quanto soja. O país asiático está comprando mais do que comprava
antes.
Quando a gente tiver garantias e certezas é
preciso que se faça alguma coisa para melhorar a atividade econômica, porque
essa é a única coisa que gera riqueza. Será que a gente vai precisar pedir
dinheiro emprestado para a China? Isso é para depois. Por enquanto, precisamos
vencer o desafio.
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