Delação de dono da Gol
pode bagunçar Brasília
Os próximos dias devem ser
agitados no mundo das companhias aéreas, e, também, no da política. Não
bastasse a novela que envolve a falência da Avianca Brasil – que tem
203 voos cancelados só nesta terça-feira, 14, e recebeu, na segunda-feira, 13,
outra proposta de compra da concorrente Azul -, a Gol desviou a atenção do mercado
na direção do Ministério Público Federal, que recebeu delação de seu
cofundador, Henrique Constantino, mostrando pagamentos de propina
efetuados pela empresa.
Na delação de Constantino, revelada
na tarde de segunda-feira, o empresário
confessa ter pago mais de 7 milhões de reais em propina a grupo ligado ao
ex-presidente Michel Temer (que está preso por outro caso de
corrupção e é réu em mais seis processos). Em troca, a Gol obteve mais de
300 milhões de reais em financiamento da Caixa Econômica Federal, banco
estatal.
Também foi citado no
depoimento o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que teria recebido
“benefício financeiro” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas
(Abear). Maia, que está em Nova York para jantar com empresários, disse que a
delação “é mentira”, que não há provas e que acredita que o inquérito será
arquivado.
Enquanto a Gol aparecia
nas páginas políticas, a Azul anunciou, também na segunda-feira, uma segunda
oferta de 145 milhões de dólares pelos slots (autorizações de pouso e
decolagem) da Avianca, o que inclui espaços preciosos na ponte aérea Rio-São
Paulo. A Azul já havia feito uma proposta em março, mas, na ocasião, Latam e
Gol costuraram com o maior credor, o fundo Elliott, para conseguir que os slots
fossem levados a leilão. O leilão deveria ter acontecido no último dia 7 de
maio, mas foi cancelado pela Justiça e segue sem nova data.
Com a delação de
Constantino, contudo, a Gol, que é líder do setor, ganhou outros problemas para
se preocupar, e as ações da empresa fecharam o pregão de segunda-feira em
queda de 7%. Os próximos dias devem fazer a delação seguir tomando a atenção do
mundo político e do mercado. Enquanto a concorrente se enrola, a ver se a Azul,
dessa vez, conseguirá levar sua tentativa de compra da Avianca adiante.
Com Exame
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