quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

➤A liminar do Ministro

Toffoli deve cassar liminar de Marco Aurélio

Integrantes do STF avaliam que há "grandes chances" de Toffoli derrubar a liminar e impedir a soltura de Lula. A PGR avalia como questionará a decisão. Formalmente, um agravo de instrumento - usado para questionar decisões liminares - tem de necessariamente ser julgado por um colegiado. "O rito de um agravo seria o encaminhamento para o pleno do Supremo, mas o Ministério Público pode tentar criar um argumento de urgência pedindo que essa decisão seja revista antes, o que justificaria o presidente do Supremo se manifestar em regime de plantão ", comenta a jurista Flavia Rahal, da FGV.

Um dos recursos que a PGR pode usar para provocar uma decisão imediata de Toffoli é chamado formalmente de "reclamação", usado para argumentar que uma decisão tomada anteriormente pelo Supremo foi descumprida por um ministro. 

Fausto Macedo
A bomba Marco Aurélio

O País imaginava um fim de ano relativamente tranquilo, depois de um conturbado período eleitoral e da sucessão de grandes missões da Lava Jato e afins de janeiro a dezembro. Mas esta quarta-feira, 19, já amanheceu com uma operação da Polícia Federal no apartamento do ministro Gilberto Kassab, onde os agentes confiscaram bolada de R$ 301 mil em dinheiro vivo, por sinal ainda não explicada.

Doce ilusão de quem pensava que ia ficar nisso.

No início da tarde, a bomba veio do Supremo, mais precisamente das mãos do ministro Marco Aurélio Mello.

À beira do recesso da Corte, ele ordenou a suspensão da possibilidade de prisão após condenação em segundo grau judicial.

De uma penada só, o ministro abriu as portas da prisão para um incalculável contingente de sentenciados, entre eles Lula, que pegou 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex. O ex-presidente está na Custódia da PF em Curitiba desde a noite de 7 de abril.

A decisão de Marco Aurélio é monocrática. Todos sabem que ordens assim, isoladas, ou seja, de um único ministro, não costumam perdurar por muito tempo. Logo pode ser derrubada por seus próprios pares. Ou pela presidência da Corte, ora a cargo de Toffoli. Mas até lá já produziu seus efeitos – apenas 48 minutos depois da decisão, a defesa de Lula pediu alvará de soltura.

Costuma-se dizer que na Justiça nada é matemático, logo ninguém sabe o que está por vir. No ambiente forense tudo é provável. Esse tumulto causa insegurança. Desde 2016, o plenário do Supremo já decidiu em três ocasiões distintas pela prisão em segunda instância.

A Lava Jato ficou atordoada, embora seus procuradores já conheçam de cor e salteado esse tipo de peça.

Os investigadores discutem o que fazer para manter as portas da prisão trancadas para Lula e tantos outros na mesma situação.

Julia Duailibi
Decisão de Marco Aurélio deve gerar recurso da PGR
 
A expectativa no Supremo Tribunal Federal (STF) é a de que a Procuradoria Geral da República entre com um recurso a respeito da decisão de Marco Aurélio Mello. Desde as 15h de hoje, todos os recursos são dirigidos diretamente à presidência do STF em razão do recesso do Judiciário. A tendência hoje é que Dias Toffoli, presidente da casa, acate o recurso da procuradoria, embora Toffoli seja favorável ao cumprimento da pena somente depois da condenação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Dias Toffoli pautou para abril o julgamento das ADCs (Ações Declaratórias de Constitucionalidade), que tratam do cumprimento provisório da pena e que são relatadas por Marco Aurélio. Por isso, a decisão do ministro do STF de conceder a liminar hoje a favor dos presos provisórios causou incômodo na presidência do Supremo.

Estadão/Portal G1

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