O “ajuste fiscal” chegou
também para os sindicatos. Depois da entrada em vigor da reforma trabalhista,
em novembro, que acabou com o imposto sindical, as entidades viram sua
arrecadação despencar 88% nos quatro primeiros meses do ano, segundo dados do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Enxutos, os sindicatos querem contornar
o baque se mostrando mais atuantes junto aos trabalhadores e tentam compensar
parte da queda de receita com a conquista de novos associados.
As mudanças nas leis
trabalhistas drenaram recursos dos sindicatos. Apenas em abril, o volume total
arrecadado pelas associações que representam trabalhadores foi de R$ 102,5
milhões – uma queda de 90% em relação ao mesmo mês de 2017.
Isso porque, com a nova
legislação, em vigor há mais de seis meses, a cessão obrigatória do equivalente
a um dia de trabalho, que era destinada a sindicatos, centrais e federações que
representam as categorias, foi extinta. A contribuição ainda existe, mas agora
é voluntária, e a empresa só pode fazer o desconto com uma autorização, por
escrito, do funcionário.
“A extinção da
contribuição fragilizou as entidades”, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico
nacional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese). “Os sindicatos agora questionam na Justiça e buscam uma alternativa
de financiamento coerente com o princípio da autonomia dos empregados.”
O desemprego elevado
também colabora para a escassez de recursos. Sem uma vaga formal, o trabalhador
não se filia e nem contribui às entidades.
Com menos dinheiro, os
sindicatos se viram obrigados a cortar despesas para sobreviver: demitiram
funcionários, fecharam subsedes, venderam carros, alugaram imóveis e
reformularam os serviços prestados aos associados. A tendência, segundo dirigentes,
é que as entidades se acostumem a operar com menos recursos em caixa.
Um dos efeitos percebidos
após a reforma trabalhista é a volta dos sindicatos para ações de rua, seja com
mais mobilizações nas portas de fábricas ou no maior esforço direcionado a
aumentar a quantidade de sindicalizados. A maior parte das entidades diz ter
reforçado as equipes de campo, mesmo com um quadro mais enxuto. Funcionários
que antes só exerciam atividades internas foram deslocados.
No Sindicato dos Empregados em
Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres), como a frota de
veículos próprios teve de ser reduzida pela metade, de 33 para 15, desde o ano
passado, parte dos funcionários agora vai de ônibus promover ações nas
empresas.
Agência Estado
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