Ainda sem revelar seus planos para as eleições de 2018, o
ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, dá o primeiro passo para participar do
pleito nesta terça-feira. Às 11 horas, Meirelles assina os termos de filiação
ao MDB, partido do presidente Michel Temer, deixando para trás o PSD, de
Gilberto Kassab.
A tentativa de Meirelles passará por mais um
episódio decisivo nesta semana. O ministro tem até o próximo dia 7 para deixar
a pasta, respeitando a “quarentena” de seis meses, como manda a lei eleitoral,
para ter seu nome nas urnas. Seu substituto deve ser o secretário executivo da
Fazenda, Eduardo Guardia.
Fala-se em Brasília que Meirelles não aceita menos que
concorrer à Presidência da República. Entende-se o motivo para que o novo
emedebista não seja modesto nas pretensões.
Como economista, ocupou os mais altos cargos que sua
profissão permite, como o Ministério da Fazenda, desde 2016, e a Presidência do
Banco Central, entre 2003 e 2010. Meirelles também foi presidente do Conselho
de Administração do grupo J&F em 2012.
Os voos mais altos esbarram em dois obstáculos. Primeiro
— e mais importante — a vontade do eleitor. Nas pesquisas de intenção de voto
em que seu nome foi inserido, Meirelles até agora não passou de 1% das
preferências.
Apesar de ser o principal nome da equipe econômica que
reverteu o período de severa recessão no país, o índice de desemprego ainda
alto e o crédito ainda caro para o cidadão não passam a impressão de que a
situação melhorou. Com o naufrágio da reforma da Previdência, Meirelles deixa
de ter o que seria seu principal legado nas reformas fiscais.
O segundo problema é Michel Temer. Mesmo maltratado pelas
acusações de corrupção, seja no decreto dos portos como nas delações do grupo
J&F, o presidente ainda tem controle do partido, junto com o senador e
presidente da legenda, Romero Jucá (MDB-RR).
Na semana passada, antes do estouro da Operação Skala,
que prendeu seus principais aliados de fora do governo, Temer sinalizou que
gostaria de ser candidato à reeleição.
Com a sombra de uma terceira denúncia que pode chegar
ainda durante 2018, seu nome perde força na disputa — e uma opção seria
Meirelles na cabeça de chapa.
O ministro tenta ocupar espaço na “centro-direita
pró-reformas”. Meirelles duelaria nesse campo com o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB).
Precisaria, contudo, descolar-se da lanterna nas
pesquisas, onde está junto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Nos sonhos de alguns tucanos consta um cenário em que Meirelles abra mão da
cabeça de chapa para ser vice de Alckmin.
Revista EXAME
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