uma das piores recessões do país*
Míriam Leitão
O 1% redondo em que fechou o PIB de 2017 é pouco, mas é o
fim oficial da recessão brasileira. Fica claro que o que puxou o PIB para fora
do buraco foi a Agropecuária, que teve uma alta de 13%, os Serviços fecharam o
ano com um resultado muito pequeno, de 0,3%, e a Indústria tem apenas a
comemorar o fato de não ter caído novamente. Ficou em zero.
O Brasil viveu uma das piores recessões de sua história
desde o fim de 2014. Ao ser encerrada agora, com este número, deixa uma série
de traumas e cicatrizes. O país tem um exército de desempregados, uma
deterioração no mercado de trabalho, o PIB vai demorar a recuperar o que
perdeu, a indústria encolheu. A Agropecuária conseguiu se levantar primeiro
pela força de preços melhores, um bom clima no ano passado, e um investimento
em maior produtividade. O campo brasileiro tem aumentado sua capacidade de
produção todos os anos, em todos os cenários. É uma pena que uma parte do
Agronegócio defenda bandeiras tão ultrapassadas, porque o setor é agil,
competitivo e uma parte dele se moderniza rapidamente.
Em 2018 o país crescerá um pouco mais, mas ainda é a
corrida atrás do PIB perdido nessa recessão que foi causada principalmente por
imperícia na condução da política econômica. Ela, que começou no fim de 2014,
foi devastadora, principalmente sobre o emprego.
Há sombras sobre a possibilidade de que haja um
crescimento sustentável nos próximos anos. Uma delas é a nova queda da taxa de
investimento que houve no ano passado. Em 15,6% do PIB, ela está no menor nível
já registrado na série, que começou em 1996. Sem investimento será difícil manter a recuperação. Outra dificuldade do país é o rombo das contas públicas,
ainda sem solução à vista.
*Publicado no Portal do jornal O Globo em 01/03/2018
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