O Bolsa Família não é um “bom programa social”, por não
ter mecanismos que permitam a independência de seus beneficiários, afirmou
nesta quarta-feira, 17, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
“Criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social. O
programa bom é onde você inclui a pessoa e dá condições para que ela volte à
sociedade e possa, com suas próprias pernas, conseguir um emprego”, disse o
parlamentar durante discurso no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington.
Em entrevista depois do evento, Maia disse que o Bolsa
Família gera “dependência”, por não criar uma “porta de saída” para os
participantes. “Essa dependência atrela as pessoas ao Estado.” O deputado
defendeu mudanças que criem obrigações em relação à saúde, educação e
saneamento, que levaria as pessoas as serem “estimuladas a sair do programa”.
Em sua opinião, a ausência de obrigações para os
beneficiários os transforma em “dependentes”. Maia afirmou que o Bolsa Família
é um programa “liberal” e não de esquerda, mas criticou a maneira como ele foi
implementado pelo PT. “É engraçado que o Brasil cresceu tanto no governo do PT
e o número de pessoas dependentes do Bolsa Família aumentou. Tem alguma coisa
errada. Se o Brasil está ficando mais rico, por que há mais pessoas pobres
dependentes do Bolsa Família? Essa era uma distorção grande.”
Para ele, a principal questão em relação ao programa é a
porta de saída para seus beneficiários. “Como é que você dá condições para o
cidadão pobre brasileiro, que depende do Bolsa Família, que o filho dele tenha
uma condição de escolaridade, uma condição de saúde, cursos profissionalizantes
para que ele possa sair da dependência e possa gerar sua própria renda.”
O presidente da Câmara também defendeu que o programa esteja
vinculado a políticas públicas que deem condições de igualdade a todos. “Para
que esse cidadão hoje, que tem uma escolaridade de pior qualidade, não tem
saneamento no bairro dele, não tem o mínimo social, que você gere as condições
para que dali para a frente ele tenha condições de competir com o filho de um
trabalhador de classe média, classe média alta”, ressaltou.
Maia admitiu que poderá disputar a sucessão de Michel Temer
caso obtenha números mais elevados nos levantamentos sobre intenção de voto.
“Hoje não, eu tenho 1% nas pesquisas. No dia em que eu tiver 7%, as coisas
melhoram muito”, declarou, em resposta a pergunta sobre sua eventual
candidatura.
Agência Estado
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