sexta-feira, 4 de agosto de 2017

➤DESTAQUES

Comece o dia bem informado

Braskem
Sócios querem levar sede da Braskem para os EUA. As sócias controladoras da Braskem, Odebrecht e Petrobras, estariam trabalhando numa operação de mercado para transferir a sede da companhia para os Estados Unidos e lançar ações na Bolsa de Valores de Nova York, apurou o Valor Econômico.

Base encolheu
Base aliada de Temer encolhe 40% depois da delação da JBS. O presidente atualmente tem uma base de apoio real de cerca de 260 deputados na Câmara dos Deputados, o que representa uma queda de quase 40% em relação ao estimado nos primeiros meses de 2017, antes de vir à tona a delação da JBS; publica a Folha de S.Paulo.

Reforma da Previdência
Rodrigo Maia espera votar reforma da Previdência em um mês. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considera possível a votação da reforma da Previdência no fim de agosto ou no início de setembro, diz a Folha de S. Paulo. Para aprovar a reforma mais impopular do governo Temer, serão necessários 308 votos. O presidente  quer tentar votar a reforma em primeiro turno na Câmara no início de setembro.

Agenda de reformas
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que espera que a reforma da Previdência seja aprovada até outubro. Mas a agenda de reformas depende do aumento do número de aliados do governo. "Não é simplesmente uma questão de quem contra ou a favor do governo, vai muito além disso", afirmou Meirelles.

Reformas
Base cobra reforma política antes de votar a Previdência. Depois de ajudarem a rejeitar prosseguimento de denúncia contra Temer na Câmara, parlamentares aliados querem que o governo foque nas mudanças nas regras eleitorais, afirma O Estado de S. Paulo. As medidas precisam ser aprovadas na Câmara e no Senado em 60 dias para que tenham validade já nas próximas eleições.

Aposentados
Quase 2 milhões de servidores podem se aposentar nos próximos dez anos. Pesquisa do Ipea sugere que gastos com novos aposentados deve ocorrer num momento de colapso fiscal, o que dificultaria a reposição de funcionários públicos e causaria enorme pressão sobre os gastos, segundo O Estado de S. Paulo.

Combustíveis
Justiça Federal em Macaé suspende aumento de combustíveis. O juiz concorda com o argumento de que a mudança tributária, implementada com efeito imediato pelo governo Temer, deveria ter respeitado uma noventena.

Parlamentarismo
Temer diz não ser despropositado pensar em parlamentarismo em 2018. O presidente disse em entrevista que seu governo pretende se empenhar também na reforma política e, entre os outros pontos possíveis para entrar em vigor já na disputa do ano que vem.

Muito dinheiro 
Neymar se tornou o jogador mais caro da história do futebol, ao aceitar jogar pelo Paris Saint-Germain, que desembolsou € 222 milhões (R$ 812 milhões) para tirá-lo do Barcelona. O jogador será apresentado hoje pelo clube francês.

EUA e Rússia
Intimações são emitidas sobre encontro de Trump Jr. com advogada russa, dizem fontes. É um sinal de que a investigação sobre os laços da campanha de Trump com a Rússia do conselheiro especial Robert Mueller está ganhando ritmo.

Oba!
Dia Internacional da Cerveja é comemorado hoje!

Previsão do tempo
Ventos fortes e chuva devem provocar ressaca, com ondas de até 3 m, entre Campos dos Goytacazes, no RJ, e Cananéia, em SP, e entre Florianópolis, SC, e Torres, RS. Chove em SP, no RJ, em parte do litoral nordestino e no extremo Norte. Tempo firme e seco no restante do país.

➤OPINIÃO

Entre mortos e feridos*

Temer recomeça, PSDB perde, DEM ganha, PT sobrevive. 
O ‘povo’? Sumiu

Eliane Cantanhêde

Balanço da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara: o governo ganha um recomeço, o PSDB foi o que mais perdeu, o PT demonstrou que tem sobrevida, o DEM foi o maior vencedor. E o “povo”? Não estava nem aí.

A sensação não só no Planalto como em toda Brasília é que Temer vai enfrentar solavancos, mas conseguirá atravessar a pinguela, avançar na pauta legislativa e concluir o mandato. A questão é saber como Temer fica, com quem e para quê.

Boa parte das respostas está nas planilhas da votação pela qual a Câmara barrou a denúncia da PGR contra Temer por corrupção passiva. Há vitórias e vitórias. Foram 263 votos contra a denúncia, 227 a favor, 19 ausências e duas abstenções, resultado suficiente para manter o mandato, não para garantir as reformas. Não foi um banho.

O PT se dividiu quanto à estratégia de dar ou não quórum, mas aproveitou bem a exposição em horário nobre, votou em bloco com a oposição pela continuação do processo contra Temer no Supremo e condenou a reforma da Previdência. Um populismo irresponsável, mas que anima a militância e serve de isca para pescar votos, por exemplo, do funcionalismo.

Parte inferior do formulário
Já os partidos governistas fizeram a farra e tiveram de tudo, enquanto o PSDB rachou exatamente ao meio: 22 pró-Temer e 21 contra, apesar da orientação do líder, Ricardo Tripoli, homem de Geraldo Alckmin no Congresso.

O Planalto lembra que faltaram “só” 45 votos para os 308 necessários em mudanças constitucionais, como a reforma da Previdência, que volta com tudo à pauta nacional. E espera que muitos aliados que votaram contra Temer anteontem agora votem a favor das reformas, até mesmo da Previdência. 

É o caso do PSDB, que vai ficar até o final do ano com Aécio Neves fingindo que é só um presidente licenciado e Tasso Jereissati encenando o presidente “interino”, mas ambos, como as bancadas na Câmara e no Senado, já anunciam apoio às reformas. Os tucanos racham diante de tudo, mas se unem a favor da modernização das regras trabalhistas (já aprovada) e previdenciárias (a ser votada).
O dilema do PSDB, porém, não é apenas diante de Temer, de denúncias, de cargos e de reformas. É uma crise de identidade, de lideranças e de indefinição quanto ao futuro. Fora do poder, eles já estão se matando; imagine se voltarem ao poder...

Se o PSDB reboca o DEM (ex-PFL) desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, não está descartada a migração de parte dos tucanos para o novo partido que o DEM articula com os dissidentes do PSB. À frente, o prefeito de Salvador, ACM Neto, para quem o céu é o limite, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um dos raríssimos políticos em ascensão nesse ambiente de terra arrasada.

Maia cresceu na crise, conquistou o respeito de seus pares e da mídia, esfregou sua lealdade na cara de Temer e dos palacianos. E não se pode esquecer que ele é de um Estado em que, entre mortos e feridos, muito poucos se salvam. Depois de explodir Sérgio Cabral, os escândalos começaram ontem a se aproximar do ex-prefeito Eduardo Paes.

Para Temer, porém, a balança neste momento é entre o PSDB, o aliado chique e temperamental, e o Centrão, nada chique e muito pragmático. Quanto mais o PSDB escapulir, mais o Centrão vai entrar no governo. Mas o que realmente interessa é que todos eles, juntos, vão embalar a reforma da Previdência.

Janot. Rodrigo Janot foi derrotado? Nem tanto. Os que votaram contra a denúncia justificaram com a economia, raramente contra o conteúdo. E a autorização da Câmara é justamente para isso: contrabalançar a motivação jurídica com a conveniência política (até do País).
*Publicado no Portal Estadão em 04/08/2017