Juiz acolhe pedido de transferência de Sérgio Cabral
O juiz Marcelo Bretas acolheu, nesta segunda-feira (23), o
pedido de transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para um presídio
federal, feito no mesmo dia pelo Ministério Público Federal (MPF) durante o
interrogatório dele.
Durante o depoimento, Cabral falou
sobre supostos negócios da família do juiz no ramo de "bijouterias",
além da suposta concretização da delação de Renato Pereira, ex-marqueteiro do
PMDB. Ele também falou sobre o encaminhamento de delações.
"Durante o interrogatório do
senhor Sérigo Cabral, ele mencionou expressamente que, na prisão, recebe
informações inclusive da família desse magistrado, o que dentota que prisão no
Rio não tem sido suficiente para afastar o réu de situações que possam impactar
nesse processo", afirmou o procurador Sérgio Pinel.
Bretas acatou o pedido, afirmando
que este tipo de declaração é "inusual". "Será que representa
alguma ameaça velada? Não sei, mas fato é que é inusual".
"É no mínimo inusitado que ele
venha aqui trazer a juízo, numa audiência gravada, a informação de que recebe
ou acompanha a rotina da família do magistrado. Deixa a informação de que
apesar de toda a rigidez (do presídio no Rio), que imagino que aja,
aparentemente tem acesso privilegiado a informações que talvez não devesse
ter", disse o juiz.
O advogado Rodrigo Rocca, que
defende o ex-governador, criticou a decisão. Ele afirmou que não houve nenhuma
ameaça por parte de Cabral.
"Se meus familiares mexem com
pastel ou outro ramo não tem importância alguma para criar embaraço à Vossa
Excelência ou a quem quer que seja, além de inusitado (o fato de aceitar a
denúncia) violaria preceitos constitucionais", disse.
O advogado afirmou ainda que a
decisão é arbitrária. “Os presos entram e saem de lá e dizem coisas que nem
sempre condizem com a verdade. Presumo que é verdadeira. Não diria que foi
infeliz, diria que foi desnecessário”
Discussão entre ex-governador e Marcelo Bretas
O interrogatório de Sérgio Cabral (PMDB), conduzido pelo juiz Marcelo
Bretas, começou com discussão entre os dois nesta segunda-feira (23).
O ex-governador disse que o Ministério Público Federal faz um teatro, que está
sendo injustiçado e chegou a dizer que Bretas se referia a ele de maneira
"desdenhosa". O magistrado rebateu.
Cabral resumiu
a denúncia como "um roteiro mal feito de corta e cola". Ele respondeu
às primeiras perguntas sobre a denúncia de compra de joias com dinheiro de
propina citando que o magistrado deve conhecer o assunto já que sua família tem
negócios no ramo de bijuterias.
Agência Globo
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