O estrago causado pelo PT*
Desvios na Petrobrás são muito maiores que os detectados
em auditorias anteriores; documentos mostraram o custo real
de alguns
equipamentos específicos da indústria de petróleo
A partir das provas obtidas pela Operação Lava Jato,
auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) constataram que os desvios na
Petrobrás são muito maiores que os detectados em auditorias anteriores. Em
algumas obras, o prejuízo chega a ser 70% acima do cálculo anterior, revelou o
Estado. É mais um passo na difícil tarefa de avaliar, em sua real dimensão, os
danos causados ao País pela empreitada petista de tomar o Estado para seus fins
particulares.
A revisão do valor dos danos baseia-se em informações obtidas
com a quebra de sigilo de algumas empreiteiras investigadas. O TCU recebeu da
13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro, notas fiscais
emitidas por fornecedores de materiais usados pelas empreiteiras nas obras da
Petrobrás. Os documentos mostraram o custo real de alguns equipamentos
específicos da indústria de petróleo, que antes não constava dos sistemas
oficiais de pesquisa de preços consultados pelo tribunal. A comparação dos
valores praticados no mercado com os previstos nos contratos deixou patente que
o rombo era ainda maior.
O TCU reavaliou um contrato relativo ao Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e três da Refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco. Segundo os auditores do tribunal, a Petrobrás perdeu, apenas nesses
quatro contratos, R$ 3,7 bilhões, em valores atualizados.
No contrato da Petrobrás com o consórcio integrado pela
Odebrecht e a UTC Engenharia para a construção da Central de Desenvolvimento de
Plantas de Utilidades (CDPU), uma das estruturas mais importantes do Comperj,
houve um superfaturamento 70% maior do que o apontado pela auditoria anterior.
As perdas saltaram de R$ 295 milhões para R$ 505 milhões. Em valores
atualizados até outubro de 2016, os prejuízos chegam a R$ 686 milhões. A
fiscalização mostrou que, a cada R$ 10 pagos pela Petrobrás ao consórcio, R$ 4
eram indevidos.
Também se constatou que a própria realização do contrato
com o consórcio foi irregular, com dispensa de licitação. “Essa contratação
ocorreu por meio de pagamento de propinas a gestores da Petrobrás e
apresentação à Diretoria Executiva de ‘emergência fabricada’, com premissas
falhas e justificativas insubsistentes”, afirma o relatório. Os auditores do
TCU propõem o bloqueio dos bens de seis pessoas, entre executivos da estatal e
das empreiteiras, e de sete empresas dos grupos integrantes dos consórcios,
incluindo UTC e Odebrecht, para garantir o ressarcimento dos prejuízos.
Na Refinaria Abreu e Lima, a reavaliação do TCU apontou
um prejuízo 32% maior na Unidade de Destilação Atmosférica (UDA) e de 15% na
Unidade de Hidrotratamento de Diesel (UHDT), em contratos envolvendo a
Odebrecht e a OAS. Notas fiscais de 2009 permitiram descobrir um sobrepreço de
R$ 1,36 bilhão nos dois empreendimentos. Antes, estimava-se um prejuízo de R$ 1
bilhão. Em valores do ano passado, o desvio chega a R$ 2,1 bilhões.
Os técnicos do TCU também revisaram as contas relativas
às obras de implementação das “tubovias”, o complexo de 60 mil toneladas de
dutos da Refinaria Abreu e Lima, empreendido pela Queiroz Galvão, em consórcio
com a Iesa. O sobrepreço inicial, de R$ 605 milhões, foi reavaliado em R$ 689
milhões. Corrigido, o valor alcança R$ 1 bilhão.
O resultado impressiona: quatro contratos geraram um
prejuízo à Petrobrás de R$ 3,7 bilhões. No momento, o TCU refaz as contas de,
pelo menos, mais nove contratos da Abreu e Lima, da Refinaria Presidente
Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e também da Usina de Angra 3, gerida pela
Eletronuclear. Não é novidade o estrago causado pelo PT, mas é bem-vinda uma
avaliação de suas reais proporções, seja para cobrar as reparações, seja para
evidenciar o custo que representou ao País a passagem do sr. Lula da Silva e de
sua pupila Dilma Rousseff pela Presidência da República. Não é possível que,
depois de tão amarga experiência, os embustes do populismo lulista ainda possam
enganar algum incauto eleitor.
*Publicado no Portal Estadão em 11/09/2017
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