A lógica do Lula
Os que o acusam mentem, os documentos
são falsos, só ele
diz a verdade.
Se não fosse trágico, seria até cômico o depoimento de Luiz
Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Acusado de lavagem de
dinheiro, corrupção ativa e passiva, recebimento de propinas e outras vigarices
normais em sua vida, Lula ficou duas horas destilando ódio, nervoso, furioso,
atacando tudo e a todos, sem apresentar uma única prova de que não está
mentindo nem envolvido em tudo o que é acusado.
Aliás, bastaria que ele mostrasse algum tipo de prova,
algum documento, para acabar com tudo o que chama de perseguição, de injustiça,
de mentira. Muito pelo contrário, quando perguntado sobre os recibos de aluguel
do apartamento que ele diz ter servido para moradia de sua segurança, afirmou
que “devem existir, devem estar num baú lá em casa, a Marisa é quem controlava
isso”. Falou que deve constar de seu imposto de renda, “que a Marisa mandou
para o contador”. Mas não mostrou nada.
Elegeu para tema de suas acusações, seu companheiro, seu
amigo, seu escudeiro, seu ex-ministro Antonio Palocci, que de uma hora para
outra virou inimigo “um homem frio e calculista, mentiroso, capaz de inventar
uma mentira digna de filme”. Lula disse, acreditem os que não escutaram que
dificilmente se encontrava com Palocci, "no máximo de oito em oito meses”.
Mas o mentiroso é o Palocci.
Desmerecer o depoimento de Antonio Palocci é uma
tentativa clara, uma demonstração explícita de desespero, de confusão mental,
de tentar tapar o sol com a peneira. Ou será que alguém duvida que Palocci,
petista desde sempre, esteve permanentemente ao lado de Lula, chamado para
ajudar na formação do governo Dilma, para ser intermediário entre Lula e os
empresários. O “italiano” sempre foi homem de extrema confiança de Luiz Inácio,
mas de uma hora para outra, passou a ser o pior dos seres humanos.
Lula estava tão desesperado, tão nervoso, tão apavorado
que nem se preocupou em falar para os gatos pingados que estavam em Curitiba
para dar apoio ao líder. Foi rápido, disse as mesmas bobagens de sempre (ele
está permanentemente no palanque) e saiu para o carro que o levou de volta.
Foi uma tarde em que se viu, mais uma vez, Lula tentar
impor sua lógica absurda e quase cômica. Para o ex-presidente, todos os
acusadores são mentirosos, golpistas ou perseguidores, a imprensa não presta, o
Ministério Público montou um esquema de perseguição contra ele, os delatores
querem apenas usufruir de benefícios da delação, ele não sabe de nada, não tem
culpa de nada, não é dono de nada e, para que fique bem claro, ele é a única
pessoa honesta, a única que fala a verdade, a única que não mente, “nesse país”.
E quando não tem mais como mentir, joga
a culpa para cima da “Marisa, que era quem cuidava de tudo”. Só que Dona Marisa
não está mais aqui, ou seja, não pode testemunhar mais nada.
Quem ainda tinha alguma dúvida, acho que não pode mais
ter, pois o mito, o lendário, o farsante, esteve sentado frente ao juiz Sérgio
Moro, por duas horas, fazendo o que mais sabe: mentindo e defendendo o indefensável.
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