“Esperamos que o
período fora da prisão seja curto”
Decisão
do Supremo de soltar ex-ministro é considerada por decano
da
força-tarefa, Carlos Fernando dos Santos Lima, uma 'destruição lenta' das
investigações do maior escândalo de corrupção do Brasil
“Esperamos que o período dele fora da prisão seja curto.”
A afirmação é do procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos
Lima, da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, um dos autores do pedido de
prisão que levou o ex-ministro José Dirceu para a cadeia, em agosto de 2015.
A decisão da 2ª
Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), desta terça-feira, 2, de revogar – por
três votos a dois – a prisão preventiva que pesava contra Dirceu foi o
mais duro golpe contra a mega investigação de corrupção do escândalo Petrobrás,
iniciada há três anos, em Curitiba.
“O que está acontecendo é a destruição lenta de uma
investigação séria. Infelizmente acreditam que a população não está mais
atenta, talvez anestesiada pela extensão da corrupção”, afirmou Carlos
Fernando.
Votaram pela liberdade de José Dirceu, os ministros
Gilmar Mendes, voto decisivo, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Contra a
revogação da prisão, os ministros Celso de Mello e Edson Fachin, relator da
Lava Jato no Supremo.
Na manhã desta terça-feira, 2, o Ministério Público
Federal, em Curitiba, anunciou a terceira denúncia criminal contra Dirceu no
esquema de corrupção instalado na Petrobrás e alertou sobre as necessidades de
manutenção do petista, em cárcere. As duas denúncias anteriores já resultaram
em condenações que somaram mais de 32 anos de prisão.
“Tentamos trazer novos fatos com a denúncia ofertada
hoje. Não foi obviamente uma tentativa de constranger os ministros, mesmo
porque sabemos que isso é impossível”, afirmou o decano da equipe de 13
procuradores da Lava Jato, em Curitiba, após saber da decisão do Supremo.
“É uma pena que não tenham levado isso em consideração.”
Durante o anúncio da terceira denúncia criminal contra
Dirceu, o procurador da República Deltan Dallagnol destacou que
a liberdade do ex-ministro “acarreta sérios riscos para a sociedade em
razão da gravidade dos crimes, da reiteração delitiva e da influência do réu no
ambiente político-partidário”.
Para Dallagnol, “situações extremas exigem cautelas
extremas”.
Em fevereiro, o ministro Gilmar Mendes, que foi o voto de
desempate no julgamento do habeas corpus que soltou Dirceu, já havia se
pronunciado publicamente sobre as prisões da Lava Jato.
“Temos um encontro
marcado com as alongadas prisões que determinam em Curitiba.”
Agência Estado
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