Grupos marcam volta às ruas
Os principais movimentos que saíram às ruas em 2015 e
2016 para pedir o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
marcaram uma nova manifestação para o dia 26 de março. A convocação começou a
ser feita nesta segunda-feira pelos grupos Vem pra Rua, Movimento Brasil
Livre (MBL), Nas Ruas e Revoltados Online, entre outros.
O mote agora é mostrar o apoio incondicional à Operação
Lava Jato e a contrariedade ao que entendem como interferência
política sobre a investigação, como o desmonte da equipe da Polícia
Federal, a escolha de investigados para cargos estratégicos no Congresso e
a indicação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, pelo presidente
Michel Temer para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. “Nosso
mote será: Brasil sem partido, pois não queremos um STF que se dobre às
vontades deste ou de qualquer outro governo, agindo com lentidão para salvar os
que têm foro privilegiado, utilizando-se dele para escapar da justiça”,
diz texto assinado por sete movimentos que integram o ato.
Na esteira da greve da
Polícia Militar no Espírito Santo, que gerou uma onda de insegurança
no Estado, os grupos também defenderão o direito de os cidadãos portarem
armas. “Voltamos às ruas. Desta vez, pelo fim do estatuto do desarmamento,
fim do foro privilegiado, pelo bom andamento da Lava Jato e pelas reformas
trabalhista e previdenciária — cortando privilégios e mamatas de políticos e do
Judiciário”, escreveu o MBL em sua página no Facebook.
A data foi decidida nesta segunda-feira após os
movimentos entrarem em um acordo. A ideia é ocupar as principais avenidas
das maiores cidades do país, como aconteceu nos mega-protestos contra Dilma. Em
São Paulo, o palco será novamente a Avenida Paulista, com estrutura de carros
de som, bandeirões e trios elétricos.
O último ato, realizado em 4 de dezembro do ano passado,
o primeiro na era Temer e também a favor da Lava Jato, não conseguiu atrair
tanta gente como na época do impeachment, mas reuniu
milhares de pessoas em pelo menos sete capitais — São
Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Belém.
Na ocasião, predominou o clamor pela saída do então presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL).
A líder do movimento Nas Ruas, Carla Zambelli, afirmou
que a população está preocupada principalmente com o cargo vago do Ministério
da Justiça, que coordena a Polícia Federal, e com a indicação de Moraes, que
era filiado ao PSDB, ao STF. “Queremos passar o recado de que o povo acordou e
não vai dormir mais. Indicar uma pessoa com partido desagradou muita
gente. Agora, essa possível indicação de alguém do PMDB para a pasta da Justiça
gerou muita comoção nas redes. Vemos a possibilidade de um desmonte da Lava
Jato”, disse ela, que reiterou não ver “ainda” motivo para pedir o impeachment
de Temer. Nas últimas semanas, caciques do PMDB, investigados na Operação,
conseguiram cargos chaves no Congresso para viabilizar projetos de seu
interesse.
Com VEJA/Conteúdo/Fotos:Reprodução
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