terça-feira, 29 de novembro de 2016

➤Tragédia – 4

É triste demais!

Quando liguei o rádio do carro, mais ou menos às 07 e 20 de hoje, tomei conhecimento da notícia que dificilmente esquecerei até o final da minha vida. O avião que levava a delegação da Chapecoense para jogar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, caiu nas montanhas de Medellin. Entre atletas, comissão técnica, jornalistas e tripulação, 76 pessoas morreram. Cinco sobreviveram. Era a notícia da maior tragédia envolvendo o futebol brasileiro.

Estacionei perto do antigo Estádio Olímpico e fiquei escutando as informações que chegavam da Colômbia. Foi quando fiquei sabendo que entre os mortos estavam figuras que conheci no futebol durante minha vida de repórter nas rádios Gaúcha e Farroupilha.

Mário Sérgio foi com quem tive mais tempo de convivência. Eu era setorista e ele jogador do Internacional. Uma figura fantástica, um ser humano fácil de definir pelas características diferenciadas de vida. Mário Sérgio, “o vesgo” como era conhecido entre seus companheiros de clube, sempre tinha um sorriso, uma palavra amiga para quem procurava por ele. Tinha uma atenção especial para com a imprensa. Batemos longos papos, dividimos muitas histórias e fui testemunha de jogadas maravilhosas proporcionadas por ele. Um craque!

Com Caio Júnior praticamente não convivi. Ele chegou ao Grêmio quando eu já estava me despedindo do rádio. Mesmo assim fiquei sabendo do quanto deixou de amigos por aqui, tanto como atleta como treinador. Era no dizer de quem o conhecia bem, uma figura diferenciada, amável e atenciosa. Outro craque, dentro e fora dos gramados.

Os jovens Alan Ruschel e Follmann apareceram muito tempo depois para o futebol. Não são do meu tempo. Estão entre os sobreviventes, quem sabe para mostrar ainda mais que a vida segue e que todas as tragédias, por maiores e mais tristes, acabam deixando marcas que o tempo não apagará, mas trazem com elas a esperança de que um detalhe pode fazer a diferença, felizmente como no caso, para melhor. Os sobreviventes podem ser o alicerce para o futuro, a força para quem ficou para chorar os que partiram.

Muitos companheiros jornalistas que seguiam com a delegação para a cobertura do jogo, também morreram. Imagino que, como fiz nas inúmeras coberturas das quais participei, estavam permanentemente trabalhando. Jornalista tem a mania de não parar nunca. Há sempre uma notícia em qualquer lugar que estejamos. Eles estavam lá, infelizmente cumprindo sua última jornada de trabalho.

Liguei o carro e vim para o computador, pois precisava dividir com todos as notícias tristes que continuo acompanhando no rádio e no computador. 

Realmente é triste demais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário