MP diz que alvos eram profissionais do crime
Foto: Revista Veja/Reprodução |
O Ministério Público Federal disse nesta quinta-feira que
os alvos da 36º fase da
Operação Lava Jato, deflagrada nesta manhã, fizeram do crime
sua profissão. Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran são responsáveis pela
movimentação de dinheiro sujo, oriundo principalmente de relações criminosas
entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários
da Petrobras. Contas bancárias em nome de offshores no exterior, empresas de
fachada e a celebração de contratos falsos eram os recursos usados para lavar o
dinheiro ilícito.
“Há evidências de que eles atuaram de forma contínua,
fazendo disso a sua profissão. Fizeram da lavagem de dinheiro sua profissão.
Atividade criminosa não é profissão. O Estado não pode tolerar isso.”, afirmou
o MPF em coletiva de imprensa nesta quinta.
De acordo com os procuradores, Duran trabalhou por dois
anos no setor de Operações Estruturadas da empreiteira Odebrecht. Segundo
revelações feitas por colaboradores que fecharam delação premiada, o advogado
administrou contas fora do país.”Ele administrava mais de doze contas em
nome de offshores e recebeu mais de 12 milhões de dólares nessas contas”,
afirmam os procuradores.
Para a força-tarefa da Lava Jato, Duran era o elo entre
agentes públicos e empreiteiras. “Rodrigo Tacla Duran era o elo entre os dois
contextos criminosos, ele transitava entre os corruptores e os corrompidos e,
justamente por isso, as provas colhidas em suas empresas são importantes. Ele
faz a interface entre quem corrompe e quem é corrompido”, afirmou o procurador
Roberson Henrique Pozzobon.
Há um mandado de prisão preventiva aberto contra o
advogado, que está fora do país desde abril. Segundo os
procuradores, ele viajava com frequência para o exterior e tem cidadania
espanhola. Outro alvo da operação é o lobista Adir Assad, que já está
preso na carceragem da PF, em Curitiba. “Era uma confraria criminosa”, afirmou
a força-tarefa.
De acordo com o MPF, Duran foi responsável por lavar
milhões de reais para empreiteiras envolvidas na Lava Jato. “A UTC revelou
provas de que celebrou contratos de 56 milhões de reais com o escritório de
advogacia de Tacla Duran. Foram sobrevalorizados ou inexistentes e resultaram
num retorno de recursos de 35 milhões de reais”, afirmou Pozzobon.
Os procuradores também condenaram a tentativa dos
deputados de anistiar a prática de caixa dois. “É preciso destacar que caixa
dois é crime. Caixa dois é produto de crime e vem da prática de lavar
dinheiro. O Brasil precisa dar um recado a essas pessoas. É a mensagem de que
eles precisam ter medo de praticar esses delitos, pois eles virão à tona cedo
ou tarde e eles serão responsabilizados”, afirmou Pozzobon.
Fonte: Revista Veja
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