Na conta de Cabral, R$ 454, na de Adriana, R$ 10 milhões
O Banco Central encontrou R$
10 milhões em apenas uma
das contas bancárias pessoais da advogada e mulher do ex-governador do Rio
Sérgio Cabral (PMDB), Adriana de Lourdes Ancelmo. Nas contas pessoais de seu
marido – preso preventivamente desde a quinta-feira, 17, por ordem das
justiças federal no Paraná e no Rio – por sua vez, foram encontrados
apenas R$ 454,26.
Os dados são do bloqueio do Bacenjud, sistema
informatizado do Banco Central que atende ao Judiciário, em resposta à
determinação do juiz Sérgio Moro que decretou o bloqueio de R$
10 milhões de Cabral, sua
mulher e mais 10 investigados na mesma decisão que determinou a prisão do
ex-governador.
É a primeira vez, desde o começo da Lava Jato, que o
valor encontrado em apenas uma das contas bancárias de um investigado atinge o
valor integral do bloqueio determinado por Moro.
O valor foi encontrado em uma conta de Adriana no Itaú
Unibanco. Além desta, ela possui ainda uma conta no Santander e uma no
Bradesco, ambas com saldo zero. Já nas contas de seu escritório de advocacia,
Ancelmo Advogados, foi encontrado pelo Banco Central R$
1 milhão. Levantamento da Receita Federal na Operação Catilinária aponta
que a receita do escritório de Adriana teve um salto de 457% entre o início e o
fim dos dois mandatos de Cabral à frente do governo do Rio, entre 2007 e 2014.
Neste período, o lucro declarado do escritório, segundo
apontou a Receita Federal, foi de R$ 23,2 milhões.
O ex-governador, por sua vez, tinha apenas R$ 428,82 em
uma conta no Bradesco e R$ 25,44 em uma conta no Citibank. Já na conta de sua empresa
Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica Eireli, criada pelo
peemedebista após ele deixar o governo do Rio, o Banco Central não
encontrou nenhum centavo.
Em relação à SCF Comunicação, que também possui
Cabral como sócio, o CNPJ não constava no sistema de informações financeiras.
A força-tarefa da Lava Jato no Paraná aponta que o
ex-governador teria recebido entre 2007 e 2011 R$
2,7 milhões de propina da
obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás. Já as
investigações da Procuradoria da República no Rio de Janeiro apontam que Cabral
seria o líder de uma organização criminosa que teria cobrado 5% de propinas de
grandes empreiteiras nas obras do governo Estadual durante sua gestão.
Somente a Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia,
empresas que colaboraram com as investigações, teriam pago o equivalente a R$
40,2 milhões em propinas
para Cabral entre 2007 e 2014.
Agência Estado
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