quinta-feira, 17 de novembro de 2016

BOM DIA!

Cabral descobriu a cadeia

Primeiro foi o navegador português, Pedro Alvares Cabral, descobridor de nossa Terra de Santa Cruz, mais tarde repaginada para Brasil em homenagem a uma árvore que brotava em abundância por aqui, a incentivar seus navegadores a negociarem com os índios. Como naquela época não havia dinheiro para acertar contas, os índios, verdadeiros donos da terra “descoberta”,  acabaram recebendo espelhos, pentes e outras quinquilharias. Começava ali, logo na chegada de Cabral, a ser institucionalizada a propina. Pode ficar, mas me dá algo em troca, devem ter dito os índios para os navegantes. A partir dali, não parou mais.

Ontem (16) a PF prendeu o ex-governador do Rio de Janeiro,  Anthony Garotinho, por comandar um esquema de compra de votos na eleição passada e, certamente, em outras. Na verdade, segundo o juiz que determinou a prisão, Garotinho era quem dava as cartas na prefeitura comandada por sua mulher, dona Rosinha, embora fosse apenas secretário de Governo.

Garotinho foi para a prisão, prestou depoimentos e, de repente, sofreu um ataque de alta de pressão arterial. Imediatamente, a pedido de seu advogado e de médicos de plantão, foi conduzido para o Hospital Souza Aguiar. O causídico que defende Anthony, disse que ele corre o risco de sofrer um AVC, então entrou com pedido de habeas corpus que foi de pronto negado.  Quando deixar o hospital, Garotinho deve voltar para a cela da Polícia Federal.

Hoje pela manhã, mais um ex-governador do Rio de Janeiro foi preso. Sérgio Cabral, do PMDB, foi levado para a carceragem da PF em mais uma ação da Operação Lava Jato, acusado de chefiar um esquema criminoso que movimentou mais de 200 milhões de reais em propinas a agentes estatais em obras executadas com recursos federais. A ação foi montada com base na delação premiada do dono da Delta Engenharia, o empreiteiro Fernando Cavendish, e em relatos de diretores da Carioca Engenharia e Andrade Gutierrez. São investigados os crimes de organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros.

Quando falei, lá no começo, que a troca de quinquilharias oferecidas pelos navegadores aos índios dava início a institucionalização da propina, imagino que todos tenham se dado conta que, no Brasil, nada é feito, em se tratando de administração pública, sem que alguém ganhe alguma coisa por fora. São milhões em sobre preço, propinas, agiotagem, presentinhos que escorrem dos cofres públicos, ou seja, dos nossos bolsos, para os bolsos dos espertinhos que, finalmente, parece que estão sendo levados para a cadeia.

É claro que nem todos os governantes, nem todos os políticos, são corruptos, mas que a grande maioria tem culpa no cartório, podem acreditar. Dificilmente se houve falar em algum setor da administração, em alguma prefeitura do mais escondido rincão do Brasil, em que não haja um esquema de desvio de verbas públicas.

Os espelhinhos, os colares, as quinquilharias de 1500, agora valem milhões. Naquele ano, Cabral descobriu o Brasil, agora, 516 anos depois, Cabral acaba de descobrir a cadeia da Polícia Federal. Tomara que não tenha esquecido um espelho para poder se pentear todas as manhãs. 

Tenham todos um Bom Dia! 

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