O fiasco da campanha petista*
A campanha de desinformação liderada pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, pela presidente cassada Dilma Rousseff e por seus
simpatizantes mundo afora, a título de denunciar um certo “golpe” no Brasil,
foi amplamente desmoralizada por Estados Unidos, China e Argentina. Os governos
americano e chinês, que lideram a economia global, e o governo da Argentina,
principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, trataram de
reconhecer Temer como presidente de fato e de direito, e com a nova
administração brasileira pretendem tocar a vida adiante.
Assim, a desvairada tese do “golpe” só sobrevive na boca
dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da realidade, dos chefes
de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das preciosas boquinhas
federais.
Logo depois do desfecho do impeachment e da posse de
Temer, segundo informou o Palácio do Planalto, o secretário de Estado
americano, John Kerry, enviou mensagem ao novo presidente dizendo que os
Estados Unidos confiam na manutenção do forte relacionamento com o Brasil.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, John
Kirby, em entrevista coletiva, informou que, no entender do governo americano,
tudo se deu “de acordo com o ordenamento constitucional do Brasil”. Questionado
por um repórter fiel à versão do “golpe”, que lhe perguntou mais de uma vez se
o governo americano não tinha mesmo nenhuma preocupação a respeito do
impeachment, Kirby foi enfático: “Esta é uma questão interna do Brasil, e eu
acho que você deveria procurar as autoridades brasileiras para colher
informações sobre o assunto. E nós acreditamos que as instituições democráticas
do Brasil atuaram de acordo com a Constituição”.
Na China, onde acontece a reunião do G-20, Temer foi
recebido pelo presidente Xi Jinping. Num encontro de 40 minutos, o líder chinês
expressou o desejo de fazer diversos negócios com o Brasil. Qualificou Temer
como “amigo”.
Por fim, o governo da Argentina, que já havia respaldado
o governo interino de Temer, expressou seu respeito pela decisão do Congresso
de destituir Dilma e reafirmou sua “vontade de continuar pelo caminho de uma
real e efetiva integração, no marco do absoluto respeito aos direitos humanos,
às instituições democráticas e ao direito internacional”. Outros países
sul-americanos, como Peru, Chile e Paraguai, foram na mesma linha.
Já o Equador, a Bolívia e a Venezuela, países governados
por autocratas inspirados na cartilha antidemocrática chavista, convocaram seus
embaixadores no Brasil – uma dura medida diplomática – em protesto contra o
desfecho do processo de impeachment, que eles chamam de “golpe parlamentar”.
Para Nicolás Maduro, responsável pela transformação da Venezuela em um inferno,
“esse golpe não é apenas contra Dilma Rousseff, é contra a América Latina e
países do Caribe, é um ataque contra os movimentos populares, progressistas,
contra os partidários das ideias de esquerda”.
Enquanto isso, Lula, provavelmente consciente de que as
principais potências mundiais e os mais importantes parceiros regionais do
Brasil já reconheceram o governo Temer, tenta desesperadamente angariar ainda
algum apoio internacional. Ele enviou uma carta a governantes e ex-governantes
com quem se relacionou quando foi presidente, na qual diz que o impeachment não
passa de uma ação das “forças conservadoras” para “impedir a continuidade e o
avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social liderado pelo PT”. Nem é
o caso de perder tempo com as inúmeras mentiras do texto. O que importa é notar
que a carta se presta a denunciar a perseguição de que Lula se diz vítima, pois
está claro, a esta altura, que está chegando o momento em que o chefão petista
terá de prestar contas de suas maracutaias à Justiça.
Ao fim e ao cabo, parece mesmo não haver alternativa a
Lula e a seus colegas latino-americanos inimigos da democracia – não por acaso
os únicos a defender Dilma – senão esperar que o mundo seja acometido de um
surto de ingenuidade e lhes dê ainda algum crédito.
*Publicado no Portal estadão.com em 03/09/2016
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