quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Obra da Odebrecht em SP

PF suspeita de pagamentos a Mantega, 
Vaccarezza e Zarattini

Zarattini, Mantega e Vaccarezza
Ao avançar sobre as anotações e codinomes utilizados pela cúpula da Odebrecht para o pagamento de propinas em obras em todo o País, a Polícia Federal aponta a suspeita de repasses ilícitos ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, ao ex-deputado e ex-líder do Governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT), e ao deputado Carlos Zarattini (PT-SP) referentes a contratos da empreiteira com a Prefeitura de São Paulo em 2011.

A anotação sob suspeita dos investigadores está no celular de Marcelo Odebrecht, em uma pasta intitulada como ‘Crédito’ e com a expressão “BMX: Vacareza e Zaratini 3%, sendo 3 deles, mais 1 GM até outubro. Depois 21M p/GM e 2 para V + Z”.

Para a PF, a referência aos então deputados e ao ex-ministro (identificado pela sigla GM) estariam relacionadas às obras da BMX Empreendimento Imobiliário e Participações S/A, uma incorporadora responsável pela obra Parque da Cidade – construções residenciais, comerciais e até um shopping feito pela Odebrecht na capital paulista.

O celular do empreiteiro foi apreendido na 14.ª fase da Lava Jato, chamada Erga Omnes, deflagrada em junho de 2015.

Delegado Filipe Hille  Pace
O delegado federal Filipe Hille Pace afirma em relatório de análise das mensagens – documento que embasou a Operação Omertà, 35.ª fase da Lava Jato deflagrada na segunda-feira, 26 -, que as investigações identificaram nas anotações uma rotina de Marcelo Odebrecht. “Relacionava projetos que geravam lucro para as empresas da holding Odebrecht como motivos para pagamentos ilícitos.”

O delegado aponta suspeitas sobre os petistas ao analisar os outros trechos das anotações que associam as siglas referentes aos políticos com valores.
Em uma tabela abaixo da primeira citação, a “BMX”, descrita como “evento out”, Marcelo Odebrecht detalha o que seriam os valores referentes a cada codinome.
Após analisar outras mensagens e diálogos de executivos da Odebrecht, a PF afirma que as expressões ‘evento’ e ‘evento out’ seriam uma referência às eleições e, por isso, o delegado aponta as seguintes suspeitas:

“Candido Elípio Vaccarezza (VACAREZZA; V’a), Carlos Zarattini (ZARATTINI; Z) receberiam R$ 3.000.000,00 relacionados ao ‘Evento Out’ e R$ 2.000.000,00 relacionados a ‘Evento 2014’, este último valor sob orientação de Guido Mantega (GM; G.)”, afirma o delegado no relatório.

“Guido Mantega (GM), por sua vez, ao que parece, definiria a destinação de R$ 1.000.000,00, relativo ao ‘Evento Out’, e de R$ 21.000.000,00, relacionado ao ‘Evento 2014′”, segue o investigador.

Chamou a atenção do delegado Pace o fato de, em novembro de 2011, Marcelo Odebrecht ter recebido um e-mail com anotações sobre vários projetos da Odebrecht e objetivos da empresa para dar andamentos a eles. Um destes projetos é, exatamente, o “Projeto BMX (SP)” e, no e-mail, é descrita a preocupação da empresa em conseguir as “aprovações finais” da proposta junto à Prefeitura de São Paulo, bem como viabilizar a aquisição de Certificados de Potencial Adicional de Construção – Cepacs, emitidos pela prefeitura.

Em relação a Zarattini, que ainda é deputado e possui foro privilegiado, as informações sobre ele já foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal.
Vaccarezza e Mantega, por sua vez, não possuem foro privilegiado e estão sob investigação da Lava Jato em Curitiba, sob tutela do juiz federal Sérgio Moro.

No caso do ex-ministro, ele chegou a ser detido e solto cerca de cinco horas depois na 34.ª fase da Lava Jato, chamada Arquivo X, deflagrada na quinta-feira, 22, que apura a suspeita de pagamento de US$ 2,3 milhões pelo empresário Eike Batista ao PT por ordem de Mantega.

O ex-ministro é citado pela Polícia Federal em outras planilhas de Marcelo Odebrecht que fazem referência à contabilidade paralela que a empreiteira mantinha junto ao PT.

Neste caso, ele seria identificado como “pós Itália”, uma referência à sucessão do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), identificado como “italiano”, nas relações com a empreiteira.

Agência Estado

Nenhum comentário:

Postar um comentário