PF pede prisão preventiva de Palocci
Delegado da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato,
argumenta que ex-ministro, em prisão temporária desde segunda-feira, 26, teria
recebido valores da Odebrecht e orientado destruição de provas em seu
escritório antes da ação da PF
O delegado da PF Filipe Hille Pace, da força-tarefa da
Lava Jato no Paraná, pediu nesta sexta-feira, 30, ao juiz Sérgio Moro a
conversão da prisão temporária do ex-ministro Antonio Palocci e de seu braço
direito Branislav Kontic em preventiva – por tempo indeterminado.
Palocci foi preso na Operação Omertà na segunda-feira,
26, por suspeita de recebimento de propinas da Odebrecht. Após receber o
pedido, o juiz Sérgio Moro intimou o Ministério Público Federal a se
manifestar antes de decidir se acata ou não a solicitação da PF.
No pedido de 86 páginas, o delegado reforça as suspeitas
de que Palocci atuava como um elo do PT com a Odebrecht, intermediando assuntos
de interesse da empreiteira, e afirma ainda haver indícios de que o ex-ministro
teria recebido todos os valores ilícitos lançados nas planilhas da Odebrecht
que fazem referência a “Italiano” e somam R$ 128 milhões.
O delegado aponta também que o ex-ministro teria
orientado a destruição de provas em sua empresa de consultoria Projeto antes da
Operação Omertà, deflagrada na segunda-feira, 26, e que teve o ex-ministro como
alvo maior.
Delegado Filipe Pace |
“Tais vantagens, em sua grande maioria traduzidas em
dinheiro em espécie, ainda não foram rastreadas a partir desta investigação, motivo
pelo qual não existe qualquer medida cautelar diversa da prisão que inviabilize
Antonio Palocci Filho e Branislav Kontic – seu funcionário até a presente data
– de praticarem atos que visem a ocultar e obstruir a descoberta acerca do real
paradeiro e emprego dos recursos em espécie recebidos”, afirma o delegado.
Filipe Pace aponta que, nas buscas realizadas na Projeto,
empresa de consultoria do ex-ministro sediada em São Paulo que foi alvo da
Omertà, os agentes da PF identificaram suspeita de que Palocci e seu assessor
teriam atuado para destruir provas.
“Foram constatadas que diversas estações de trabalho na
empresa (Projeto) estavam plenamente equipadas, à exceção dos gabinetes dos
computadores, o que pode indicar que tenham sido até mesmo destruídos ou
colocados fora do alcance da Polícia Federal.”
Em relação ao ex-assessor de Palocci, Juscelino
Dourado, Filipe Pace afirmou que “parece ele não ter mais relações com
Antonio Palocci” e que, portanto, não haveria risco caso ele fosse solto e
cumprisse medidas alternativas da prisão.
“Todos estes elementos probatórios trazem, com
razoabilidade, indícios de que todos os demais pagamentos nas planilhas
‘POSICAO – ITALIANO310712MO.xls’ e ‘POSICAO – ITALIANO 22 out 2013 em 25
nov.xls” foram efetivamente liquidados”, destaca o delegado da Operação Omertà.
Agência Estado
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