quarta-feira, 14 de setembro de 2016

BOM DIA!

Cascalho Contursi

A gente morava na Rua Olavo Bilac, entre a João Pessoa e a Inácio Montanha. Nossa diferença de idade fiquei sabendo ontem, é de nove anos, ou seja, o Cascalho hoje tem 66 e eu 75. Naquele tempo a gente era jovem, bem mais jovem, e sonhava em buscar algum destino para nossos devaneios de juventude.

O Antônio Carlos (Cascalho), filho de um dos maiores fotógrafos profissionais que conheci, o Carlos Contursi, queria ser repórter esportivo, como eu era na época, trabalhando na Rádio Gaúcha. Foi eu passar um dia pelo pai dele e o Contursi me pegar pelo braço a reivindicar “uma força para o guri”. A sequência da história é que o Cascalho ficou menos de um ano na Gaúcha, tempo suficiente para descobrir que seu destino não era a reportagem, mas outro setor do rádio. Ele gostava, mesmo, era de falar como os “magrinhos” da época, de ouvir som importado, curtir os bolaçhões (LP) e ver gente feliz ao seu lado.

Acabou na Rádio Continental onde apresentou, por muitos anos, o programa “Cascalho Time”, um sucesso. Daí para criar sua própria “discoteque” itinerante, foi um pulo. Começou animando bailes num clube da Vila Assunção e andou por este Rio Grande participando de festas e fazendo o que mais gostava. Multidões seguiam o “Baile dos Magrinhos”.

O sucesso foi tanto que, fiquei sabendo durante uma conversa que tivemos no jantar em homenagem ao João Bosco Vaz, o Cascalho comprou uma “flamante Brasilia”, só não fiquei sabendo se amarela, para poder levar as “tralhas” obrigatórias para suas festas. Ele contou que, diferentemente de hoje quando seu filho, que também anima festas, leva dois ou três pen drives, ele carregava engradados, aqueles de cerveja, repletos de discos de onde selecionava, muitas vezes, uma ou duas faixas.

Conversamos muito na noite de ontem e acabei me dando conta que o Cascalho (do Baralho) foi um precursor. Foi ele quem introduziu o som mecânico e animou festas inesquecíveis nos anos 70 e 80. Seus famosos bailes arrastavam gente de todos os lugares que buscava nada mais do que alegria, diversão, uma namorada ou um namorado.

Este senhor, sem cabelos como eu, que está ao meu lado na foto, é meu amigo de aproximadamente 50 anos. Vivemos tempos inesquecíveis na Rádio Gaúcha e na vida. Acho, sinceramente, que ninguém, daquele tempo, deixou de, pelo menos uma vez, participar dos famosos bailes do Cascalho, que hoje está mais preocupado em brincar com a netinha de seis anos.

Por tudo o que aconteceu no jantar do Bosco, reencontrar o Cascalho foi um dos bons momentos da minha velhice. Acho que conseguimos, o Cascalho e eu, rejuvenescer alguns anos naquela mesa de restaurante.

Tenham todos um Bom Dia!

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