PF deflagra 32ª fase da Lava Jato
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a
32ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Caça-Fantasmas, que investiga
crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e organização
criminosa internacional. Cerca de 60 policiais cumprem 11 mandados de busca e
apreensão e sete de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, São Bernardo
do Campo (SP) e Santos (SP). Os alvos são o banco panamenho FPB Bank, que
atuava no Brasil clandestinamente, sem autorização do Banco Central, e o
escritório Mossack Fonseca, especializado em abertura e administração de
offshores. Edson Paulo Fanton, o representante do banco no Brasil, é um dos
alvos de mandados de condução coercitiva e busca e apreensão. Ele é tio do
delegado da Polícia Federal Mário Renato Castanheira Fanton.
A operação de hoje é um desdobramento da 22ª fase da Lava Jato, deflagrada em
janeiro e batizada de Triplo X, da qual a Mossack Fonseca foi um dos alvos.
Segundo a Polícia Federal, utilizando-se dos serviços da Mossack, o banco
investigado na Caça Fantasmas abria e movimentava contas em território nacional
para viabilizar o fluxo de valores de origem duvidosa para o exterior, à margem
do sistema financeiro nacional. "Os serviços disponibilizados pela
instituição financeira investigada e pelo escritório Mossack Fonseca foram
utilizados, dentre diversos outros clientes do mercado financeiro de dinheiro
'sujo', por pessoas e empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato,
sendo possível concluir que recursos retirados ilicitamente da Petrobras possam
ter transitado pela instituição financeira investigada", afirma a PF.
De acordo com a investigação, documentos apreendidos na
Triplo X indicam que a Mossack Fonseca e o FPB Bank atuavam em conjunto na
constituição e no registro de offshores para brasileiros, inclusive para futura
venda a pessoas interessadas em utilizá-las para ocultar patrimônio. A
Caça-Fantasmas identificou 44 offshores constituídas pelo escritório por
solicitação dos funcionários do banco clandestino.
A procuradora Jerusa Viecili ressalta a
"terceirização da lavagem de dinheiro" por meio de offshores e aponta
que no caso FPB-Mossack "havia uma dupla camada de lavagem de dinheiro:
primeiro se constituíam offshores sediadas em paraísos fiscais para ocultar os
reais donos do dinheiro e em seguida essas offshores mantinham contas em um
banco clandestino".
Deltan Dallagnol, o chefe da força-tarefa da Lava Jato no
Paraná, afirma que bancos clandestinos abrem "uma imensa brecha" à
lavagem de dinheiro. O procurador observa que "as offshores se popularizam
mais e mais dentre criminosos de colarinho branco como modernas versões do
laranja e do testa de ferro. São mecanismos sofisticados utilizados com
frequência para esconder o rosto do criminoso por trás de uma estrutura
societária com aparência legítima".
Fonte: VEJA.com
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