Relator defende anular votação
Deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) |
Dando sequência à série de manobras para impedir o
desfecho do processo de cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) acatou parte dos recursos
ingressados pelo peemedebista à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para
tentar reverter a aprovação, pelo Conselho de Ética, da perda do mandato do
parlamentar por quebra de decoro. A CCJ é a última escala do processo contra
Cunha antes da votação em plenário.
A decisão de Fonseca, se aprovada pela CCJ, anula a
aprovação do pedido de cassação e leva o processo contra Cunha de volta ao
Conselho de Ética. A comissão deve analisar o parecer do relator somente na
próxima semana. Mas as chances de sucesso do peemedebista por ora se mostram
pequenas. Cunha precisa dos votos de 34 deputados para fazer retroceder o
processo contra ele - e nos bastidores avalia-se que tem 28.
Na ação, Cunha apontou para uma série de irregularidades
na tramitação de seu processo no conselho. O esforço principal do peemedebista era
para reverter a votação que pavimentou a aprovação de sua cassação - e foi
justamente esse o ponto acatado por Fonseca, considerado aliado do presidente
afastado.
Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) |
Assim como na votação do impeachment de Dilma Rousseff,
os membros do Conselho de Ética descartaram o painel eletrônico e votaram em
chamada nominal. A medida, para Cunha, provocou um "efeito manada", o
que estaria configurado pela decisão do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que,
após, defender a inocência do representado, votou pela sua cassação quando o
resultado já se mostrava definido. No relatório, Fonseca afirma que não há a
previsão regimental para que a votação não se dê por painel eletrônico e que
tampouco caberia ao presidente do colegiado, o deputado José Carlos Araújo
(PR-BA), escolher a ordem em que se daria a chamada dos deputados.
"Ao meu sentir, a questão da metodologia de votação
adotada pelo Conselho de Ética - chamada nominal por bloco e por ordem
alfabética - é ilegal, pois contraria frontalmente o que previsto em nosso
regimento interno, como já foi demonstrado", afirmou o relator. Ele
sustentou também que a mudança no formato de votação representou um
"prejuízo enorme" para Cunha motivado pelo efeito cascata.
Cunha também trabalhava para destituir o relator que
sugeriu a cassação do seu mandato, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que
defendeu a perda de mandato do presidente afastado alegando que ele mentiu
sobre as contas secretas que mantinha fora do país e que recebeu propina no
esquema de corrupção da Petrobras. O presidente afastado da Câmara é réu em
duas denúncias no Supremo Tribunal Federal no âmbito da Operação Lava Jato.
Fonseca rejeitou o impedimento de Marcos Rogério. O
presidente afastado argumentava que ele estaria impedido de continuar à frente
do processo por quebra de decoro após ter deixado o PDT e migrado para o DEM,
partido que fazia parte do bloco de apoio que chancelou a sua vitória na
disputa pela presidência da Câmara. Para o relator, no entanto, a medida não
acarretou prejuízo.
O relator também não identificou que houve cerceamento da
defesa, conforme alegava Cunha, e negou o questionamento sobre o aditamento de
novas provas à denúncia. Fonseca ainda rejeitou a destituição do presidente do
Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo, que Cunha alegava ser seu
"algoz declarado".
Fonte:VEJA.com
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