Praticamente me criei ao lado de minha avó materna. Dona
Vitalina Gomes Valls, uma uruguaia que fumava, tomava chimarrão e fazia crochê,
praticamente todo o dia. Lamentavelmente não conheci meus outros avós, mas seis
que, se fossem iguais a ela, seriam pessoas inesquecíveis.
Com um sotaque carregado, já que a maior parte de sua
vida morou no Brasil, mais precisamente conosco, a vovó Vitalina tinha um senso
de humor, uma percepção da vida e uma bondade como poucos. Ouvido aguçado,
afirmava que, quando necessário, se fazia de surda, quem sabe para ouvir
conversas que não dividiam com ela.
Tinha, também, uma preocupação com a erva mate de seu
quase inseparável chimarrão. Sempre que minha mãe começava a vasculhar os
armários da cozinha para saber o que comprar no rancho, ela dizia, no seu
portunhol – “mi hija, hierba tine bien poquito” lembrando a Dona Célia de que a
erva do “mate” estava acabando.
Nos meus tempos de guri, costuma jogar futebol de botão.
Tinha uma caixa com os meus times que sempre andava sobre o balcão ou outros
móveis da casa. Claro que, quando minha mãe guardava, eu começava a procurar,
abrindo gavetas e remexendo nelas. Dona Vitalina sempre questionava: “que
procura mi negrinho?” e quando eu respondia que eram os meus botões, ela sempre
respondia com a mesma frase: “Não vi. Quando vejo, ando guardando!”
Tinha uma força nos braços, de dar inveja a muita gente
nova. Guri, eu passava perto dela e fazia uma graça em seu tradicional coque de
cabelos brancos. Ela, quando conseguia, me pegava pelo braço e não me deixava
sair sem dar um beijo em seu rosto moreno e enrugado pelos mais de 80 anos,
quem sabe pela vida que viveu!
Hoje, no Dia dos Avós, lembro dela com uma ternura
daquelas de apertar o coração. E fico ainda mais emocionado quando lembro que
tenho dois netos, o Pedro e a Lívia. Hoje, o vovô sou eu. E vocês nem imaginam
o orgulho que sinto em ser avô de duas “crianças” incríveis, dois netos
maravilhosos, plenos de ternura, de amor e carinho. O Pedro, com seus 23 anos e
a Lívia, com cinco, fazem meu peito transbordar de alegria, de amor, de emoção,
quando estão por perto. Mesmo longe, pois a vida nem sempre faz aquilo que os
avós mais queriam, ou seja, estar sempre perto dos netos, meus netinhos são o
complemento de uma vida inteira, são a força necessária para me fazer viver
alegre, disposto a trabalhar para, de alguma forma, mostrar aos dois que o vovô
Machado, mesmo mais velho do que moço, tem amor de sobra para dividir com eles.
Por falar em netos, acho que o Pedro bem que poderia
pensar em me dar um bisneto! Mas acho que ainda é cedo. Ele que viva a vida da
melhor maneira possível, dando espaço exclusivamente às preocupações com o
futuro.
Meu beijo carinhoso e respeitoso a todos os avós do
mundo. Beijo cheio de amor no Pedro e na Lívia e, com uma saudade enorme, um
beijo grande na vovó Vitalina!
Tenham todos um Bom Dia!
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