Eduardo Cunha renuncia
Alvo de um processo de cassação e réu no Supremo Tribunal
Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, o presidente afastado da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renunciou nesta quinta-feira ao comando
da Casa. Cunha está afastado das funções há dois meses por determinação do STF
- que na ocasião indicou inclusive que uma eventual prisão do peemedebista não
estava descartada. Ainda que fora da presidência da Câmara, Cunha segue
deputado e mantém, portanto, o foro privilegiado. O parlamentar chegou
escoltado à Casa e ouviram-se gritos de 'ladrão' e 'fora Cunha'. Ele foi
acompanhado na coletiva em que anunciou a renúncia pelos aliados Carlos Marun
(PMDB-MS), João Carlos Bacelar (PRB-BA), Jovair Arantes (PTB-GO) e Marcelo Aro
(PHS-MG).
A decisão de Cunha reprisa estratégia usada pelo seu
correligionário Renan Calheiros (AL), que em 2007 renunciou à presidência do
Senado na véspera de seu processo de cassação ser votado em plenário. À época,
no entanto, o voto dos congressistas era fechado, e Renan acabou absolvido. No
caso de Eduardo Cunha, a votação se dará por meio do voto aberto. Por isso, nos
bastidores, considera-se improvável que o deputado fluminense consiga escapar
da perda do mandato.
Logo, a renúncia de Cunha ao comando da Câmara é vista
como a última cartada do peemedebista para conseguir a
"solidariedade" dos colegas. Ele ainda tenta emplacar na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) recursos contra o pedido de cassação, aprovado
pelo Conselho de Ética. Se perder o mandato, o peemedebista fica inelegível por
oito anos e - mais grave - perde o foro privilegiado, o que leva as
investigações contra ele na Lava Jato para as mãos do juiz federal Sérgio Moro,
a exemplo do que já ocorre com a mulher e a filha do deputado.
A investida de Cunha na CCJ visa anular a aprovação de
seu pedido de cassação e devolver o processo ao Conselho de Ética. O colegiado
é formado por 66 deputados e, para que seu pleito seja atendido, ele precisa do
aval de 34 congressistas - número que, até antes da renúncia, aliados diziam
que ele não tinha. Alguns deputados aguardavam o último gesto do peemedebista
para definir seu voto. A CCJ vai se reunir na próxima segunda-feira para votar
o parecer do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), aliado de Cunha que defendeu
que o processo retorne ao Conselho de Ética.
A renúncia de Cunha não significa que ele sai de cena do
comando da Câmara dos Deputados. A vacância da cadeira abre caminho para a
convocação de novas eleições em até cinco sessões, de modo a tirar o deputado
Waldir Maranhão (PP-MA) do posto. Nos bastidores, aponta-se para um acordo
entre Cunha, o Planalto e parlamentares do chamado "centrão" para
eleger o líder do PSD, Rogério Rosso (PSD-DF), ex-presidente da comissão do
impeachment e aliado de Cunha. Questionado pelo site de VEJA, o parlamentar do
DF evitou tratar do acordo. Disse apenas ser possível a realização de novas
eleições antes do recesso, que terá início no dia 18 de julho. "No caso de
Aldo Rebelo, demorou apenas dois dias", afirmou Rosso.
Fonte: VEJA
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