A democracia das minorias
Foto: Correio do Povo (Reprodução) |
Desde ontem, professores em greve ocupam as entradas do
Centro Administrativo Fernando Ferrai, em Porto Alegre. São, segundo
informações da imprensa, cerca de 60 representantes da categoria, que fecham
entradas do CAFF, impedindo que milhares de pessoas entrem no prédio para
trabalhar.
Pode ser que alguns até apoiem a greve, outros não. Fico entre os
que defendem o direto dos professores de reivindicarem melhores salários, mas
sou frontalmente contra o fato de impedirem que alguém tenha os mesmos direitos
que eles.
No momento em que os professores se utilizam do
instrumento da greve, e já estão parados faz muito tempo, não podem esquecer
que os demais trabalhadores exigem direitos iguais, ou seja, transitarem
livremente por ruas e avenidas e livre acesso aos seus locais de trabalho.
Num momento em que o Brasil atravessa, quem sabe, sua
maior crise econômica, provavelmente provocada pela má gestão imposta pelo
partido de muitos dos grevistas, não me parece justo que professores tornem
político um movimento que deveria ser apenas reivindicatório. Perdem a razão
quando, por exemplo, interferem na atividade normal do cidadão que quer exercer
seu direito de ir e vir. Querem, e acho que merecem, melhores salários, mas não admitem que o governo estadual tenha chegado ao limite possível. Esquecem que dinheiro não cai do céu. Reclamam de tudo, mas não colaboram com nada. Muito pelo contrário.
Fico imaginando se o governador mandasse a Brigada
Militar retirar os manifestantes das portas do Centro Administrativo,
permitindo a passagem de quem quer trabalhar. Imediatamente vários políticos,
deputados e vereadores, se posicionariam ao lado dos grevistas gritando que eles
tem o direito de fazer greve.
Claro que tem, mas quem quer trabalhar tem exatamente o
mesmo direito que estão sendo impedidos de exercer. Façam greve, professores,
mas deixem que os que querem trabalhar, trabalhem. O feitiço pode virar contra o feiticeiro, já se dizia lá em Saõ Gabriel.
Estudantes
Estudantes no saguão da AL (Foto:Reprodução) |
Inspirados em movimentos que começaram no centro do país,
estudantes secundaristas, não satisfeitos em ocupar colégios públicos,
decidiram tomar o saguão de entrada da Assembleia Legislativa. Estão lá desde a
tarde de ontem (13) reivindicando melhorias nas condições físicas das escolas e
solidários com os professores.
Exatamente como seus mestres, politizam um movimento que,
mesmo que seja considerado justo, o que é discutível, transformando um prédio
público, espaço livre e democrático, em trincheira para tentar impedir que ali funcione
normalmente um poder que deveria servir para defendê-los.
Faço qualquer tipo de aposta com quem quiser, que os
mesmos alunos, os mesmos professores que hoje impedem o cidadão comum de trabalhar,
jamais admitirão que as aulas que precisam ser recuperadas, invadam o período
de final de ano, quando todos entram em férias. Parados há quase um mês, sem
aulas e sem permitir que outros tenham acesso aos colégios públicos, jamais
recuperarão o tempo perdido. As aulas de recuperação, no máximo, serão
ministradas (?) num ou em dois finais de semana, no máximo. Daí, mais tarde, os
mesmos grevistas de hoje reclamarão da qualidade do ensino público.
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