É proibido estudar!
Aviso, inicialmente, que não pretendo entrar no mérito da
greve de professores e na ocupação das escolas por alunos. Escolas estaduais,
que fique bem claro. As particulares funcionam normalmente. Tanto uns quanto outros
podem reivindicar o que bem entendem e, principalmente, o que acham que merecem.
Meu problema é com o direito de quem não aceita tais movimentos e quer, no
caso, estudar, o que é garantido pela Constituição. Nem falo no direito que todos
tem de decidir sobre o que fazer.
Ontem escutei uma menina, com pouco mais de 15 ou 16
anos, envolvida nos movimentos grevistas, avisar que os estudantes, os que ocupam
escolas, estão preparando o fechamento de avenidas principais em Porto Alegre. Exigem,
exatamente assim, “exigem” um posicionamento do governo sobe as reivindicações
feitas por eles.
Usando de meu direito garantido pela Constituição,
questionei sobre a liberdade que tenho de, por exemplo, trafegar pela Avenida
Ipiranga para ir ao Centro, para ir a um consultório médico no Hospital Ernesto
Dorneles ou na PUC, para ir ao supermercado ou simplesmente para poder acessar
a determinado lugar. Sabem qual foi a resposta? “Não temos nada com isto. É problema
do Governador”. Aquela menina representava a opinião de pouco mais de meia dúzia
de alunos que ocupam escolas públicas, não só em Porto Alegre como em algumas
cidades do interior.
O que me intriga, é como os alunos, que se dizem
grevistas e defensores dos direitos de todos, podem explicar que estão
impedindo aos demais, certamente a maioria, de estudarem? Quem deseja
frequentar aulas não pode, pois as escolas estão fechadas.
Como podem explicar que querem mais verbas para a
manutenção dos prédios e, ao mesmo tempo, muitos depredam os estabelecimentos,
gerando gastos muitas vezes desnecessários?
“Mas a gente limpa tudo depois”, disse a jovem ocupante!
Ao meu lado, um pai muito preocupado com a greve dos
professores, que já dura muito tempo, nem sei quanto, falava sobre a
recuperação das aulas perdidas. A cada dia mais matéria fica acumulada, num
prejuízo claro aos estudantes matriculados para aprender e que estão impedidos
de aprender.
A reivindicação por melhores salários, no meu entender, é
justa e necessária. O governo precisa dar uma resposta aos professores,
indicando o quanto pode pagar. Os professores merecem ganhar mais, em qualquer
circunstância e em qualquer governo. O que não podem é partidarizar a greve,
calando quando seus representantes estão no poder e fechando escolas quando
eles estão fora.
Contou o preocupado pai a quem me referi, que na ultima
greve seu filho ficou não sei quantos dias sem aulas, acreditando na promessa
dos grevistas que as aulas seriam recuperadas. Sabem o que aconteceu? Foi
marcada uma aula extra para um sábado de manhã e os mestres disseram que ela
servia como recuperação da matéria. Pode isso, Arnaldo?
Sai da sala pensando no quanto minha filha, que estuda em
colégio particular, deve agradecer pelo sacrifício que agente faz para pagar a
escola.
Lamentavelmente, para os alunos de escolas públicas estaduais, foi
decretado, pelos ocupantes e grevistas, que é proibido estudar.
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