Operação Boca Livre
Criada no governo Collor, em 1991, a Lei Rouanet serve
para captar recursos para projetos culturais através de incentivos fiscais para
pessoas físicas e empresas. Uma empresa, por exemplo, pode direcionar parte do
valor que recolheria para a Receita Federal, para financiar propostas aprovadas pelo
Ministério da Cultura.
Em 2014, a PF recebeu documentação da Controladoria Geral
da União comprovando o desvio dos recursos relacionados aos projetos aprovados
pelo Ministério.
Estava em curso o tristemente famoso jeitinho brasileiro.
Algum, ou alguns espertos encontraram uma ou várias maneiras de burlar a Lei e
desviar os recursos captados para outras finalidades ou para o próprio bolso.
Na manhã de hoje (28), a Polícia Federal iniciou a
Operação Boca Livre em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro para apurar desvios
dos recursos captados. Estão sendo cumpridos 51 mandados de busca, sendo 14 de
prisão temporária. Informa a PF que, em 20 anos de atuação, o grupo criminoso
captou R$ 170 milhões em projetos. O valor foi alcançado por meio de fraudes como
superfaturamento, notas fiscais fictícias, projetos duplicados e contrapartidas
ilícitas.
Projetos de teatro itinerante para crianças carentes, por
exemplo, não foram executados, livros não foram doados a escolas e bibliotecas
públicas enquanto os suspeitos usaram o dinheiro público para shows com
artistas famosos em festas privadas, incluindo o casamento de um investigado em
Jurerê Internacional.
Bloqueio de bens imóveis, veículos de luxo, escritórios e
empresas investigadas, fazem parte da operação que envolve o Ministério da
Cultura, as empresas Scania, Roldão, Intermédica Notre Dame. Laboratório
Cristália, entre outras, e o escritório Demarest Advogados. Organização criminosa, peculato, estelionato, crime
contra a ordem tributária e falsidade
ideológica, são alguns dos crimes cometidos pelos envolvidos.
Parece que finalmente os olhos da polícia estão voltados
para um setor até então considerado inatingível, já que envolve grandes figuras
do mundo artístico brasileiro. Não há um só dos considerados grandes artistas
do Brasil, que não tenha se utilizado da famosa Lei Rouanet para captar
recursos para seus projetos.
Agora, para provar que nem todos são tão inatingíveis
assim, a PF inicia uma devassa que, esperamos, leve a justiça a esclarecer e
condenar aqueles que, afirmando amor e apoio incondicional aos governantes do
momento, usufruíam de um benefício que deveria ser revertido em favor dos
brasileiros.
A Operação Boca Livre está aí para provar que não existe
almoço de graça!
Tenham todos um Bom Dia!
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