PGR acredita que Lula comandou
Em sua última aparição pública, na manhã de quinta-feira,
Lula estava abatido. Cabelos desgrenhados, cabisbaixo, olhar vacilante,
entristecido. Havia motivos mais que suficientes para justificar o
comportamento distante. Afinal, Dilma Rousseff, a sucessora escolhida por ele
para dar sequência ao projeto de poder petista, estava sendo apeada do cargo. O
fracasso dela era o fracasso dele. Isso certamente fragilizou o ex-presidente,
mas não só. Há dois anos, Lula vê sua biografia ser destruída capítulo a
capítulo. Seu governo é considerado o mais corrupto da história. Seus amigos
mais próximos estão presos. Seus antigos companheiros de sindicato cumprem pena
no presídio. Seus filhos são investigados pela polícia. Dilma, sua invenção,
perdeu o cargo. O PT, sua maior criação, corre o risco de deixar de existir. E
para ele, Lula, o futuro, tudo indica, ainda reserva o pior dos pesadelos. O
outrora presidente mais popular da história corre o risco real de também se
tornar o primeiro presidente a ser preso por cometer um crime.
VEJA teve acesso a documentos que embasam uma denúncia
oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. São
mensagens eletrônicas, extratos bancários e telefônicos que mostram, segundo os
investigadores, a participação de Lula numa ousada trama para subornar uma
testemunha e, com isso, tentar impedir o depoimento dela, que iria envolver a
ele, a presidente Dilma e outros petistas no escândalo de corrupção na
Petrobras. Se comprovada a acusação, o ex-presidente terá cometido crime de
obstrução da Justiça, que prevê uma pena de até oito anos de prisão. Além
disso, Lula é acusado de integrar uma organização criminosa. Há dois meses,
para proteger o ex-presidente de um pedido de prisão que estava nas mãos do juiz
Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, a presidente Dilma nomeou
Lula ministro de Estado, o que lhe garantiu foro privilegiado. Na semana
passada, exonerado do governo, a proteção acabou.
Há várias
investigações sobre o ex-presidente. De tráfico de influência a lavagem de
dinheiro. Em todas elas, apesar das sólidas evidências, os investigadores ainda
estão em busca de provas. Como Al Capone, o mafioso que sucumbiu à Justiça por
um deslize no imposto de renda, Lula pode ser apanhado por um crime menor. Após
analisar quebras de sigilo bancário e telefônico e cruzar essas informações com
dados de companhias aéreas, além de depoimentos de delatores da Lava-Jato, o
procurador-geral Rodrigo Janot concluiu que Lula exerceu papel de mando numa
quadrilha cujo objetivo principal era minar o avanço das investigações do
petrolão. Diz o procurador-geral: "Ocupando papel central, determinando e
dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos
Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Costa
Marques Bumlai e Maurício de Barros Bumlai (...), Luiz Inácio Lula da Silva
impediu e/ou embaraçou a investigação criminal que envolve organização
criminosa".
(Fonte:
Veja.com)
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