Desarmando a bomba-2*
Eliane Cantanhêde
Os líderes do Congresso agiram rapidamente e abortaram
mais uma manobra governista para tumultuar o ambiente e tentar não
verdadeiramente anular, mas sim adiar o impeachment de Dilma Rousseff. Em
sucessivas reuniões, eles isolaram o presidente interino da Câmara, Waldir
Maranhão, o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, e o governador do
Maranhão, Flávio Dino.
No Senado, o presidente Renan Calheiros manteve para esta
tarde a leitura do parecer do relator da Comissão Especial, senador Antônio
Anastasia, e, portanto, todo o cronograma traçado pelo Supremo Tribunal
Federal, que inclui a votação da admissibilidade para a próxima quarta-feira.
Para Renan, questionando, ponto a ponto, a decisão de Maranhão foi uma
“brincadeira” com a democracia.
No entendimento do comando, dos líderes e dos assessores
jurídicos do Senado, a decisão da Câmara foi ato jurídico perfeito e, a partir
do momento em que foi enviada ao Senado, não há mais possibilidade de anulação.
Lembram, ainda, que a decisão da Câmara foi tomada por 367 votos e uma decisão
monocrática do presidente interino não tem poder para derrubá-la.
Na Câmara, os líderes decidiram levar a questão para a
Mesa Diretora, a quem caberá desqualificar a decisão estapafúrdia e
intempestiva tomada por Waldir Maranhão, enquanto o Senado mantém o rito e o
cronograma do processo de impeachment.
Esses líderes concluíram que tirar Maranhão da
presidência interina é questão de absoluta urgência. Pretendem apresentar o
quanto antes uma questão de ordem alegando que o afastamento de Eduardo Cunha é
por tempo indeterminado e que é preciso eleger logo um presidente capaz de
substituir o presidente da República em suas viagens, por exemplo.
No meio da tarde, a expectativa é de que a manobra do
Planalto, instrumentalizada pelo inexpressivo e errático Waldir Maranhão, tenha
sido mais um tiro n’água de rápida duração. Rápida, mas com tempo suficiente
para derrubar as Bolsas, disparar o dólar e levar o Brasil, mais uma vez, de
forma constrangedora para a mídia internacional.
*Publicado no Estadão.com em 09/05/2016
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