segunda-feira, 9 de maio de 2016

Impeachment - 8

Desarmando a bomba-2*

Eliane Cantanhêde

Os líderes do Congresso agiram rapidamente e abortaram mais uma manobra governista para tumultuar o ambiente e tentar não verdadeiramente anular, mas sim adiar o impeachment de Dilma Rousseff. Em sucessivas reuniões, eles isolaram o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, e o governador do Maranhão, Flávio Dino.

No Senado, o presidente Renan Calheiros manteve para esta tarde a leitura do parecer do relator da Comissão Especial, senador Antônio Anastasia, e, portanto, todo o cronograma traçado pelo Supremo Tribunal Federal, que inclui a votação da admissibilidade para a próxima quarta-feira. Para Renan, questionando, ponto a ponto, a decisão de Maranhão foi uma “brincadeira” com a democracia.

No entendimento do comando, dos líderes e dos assessores jurídicos do Senado, a decisão da Câmara foi ato jurídico perfeito e, a partir do momento em que foi enviada ao Senado, não há mais possibilidade de anulação. Lembram, ainda, que a decisão da Câmara foi tomada por 367 votos e uma decisão monocrática do presidente interino não tem poder para derrubá-la.

Na Câmara, os líderes decidiram levar a questão para a Mesa Diretora, a quem caberá desqualificar a decisão estapafúrdia e intempestiva tomada por Waldir Maranhão, enquanto o Senado mantém o rito e o cronograma do processo de impeachment.

Esses líderes concluíram que tirar Maranhão da presidência interina é questão de absoluta urgência. Pretendem apresentar o quanto antes uma questão de ordem alegando que o afastamento de Eduardo Cunha é por tempo indeterminado e que é preciso eleger logo um presidente capaz de substituir o presidente da República em suas viagens, por exemplo.

No meio da tarde, a expectativa é de que a manobra do Planalto, instrumentalizada pelo inexpressivo e errático Waldir Maranhão, tenha sido mais um tiro n’água de rápida duração. Rápida, mas com tempo suficiente para derrubar as Bolsas, disparar o dólar e levar o Brasil, mais uma vez, de forma constrangedora para a mídia internacional.
*Publicado no Estadão.com em 09/05/2016

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