segunda-feira, 30 de maio de 2016

BOM DIA!

Não dá para virar o disco?

Nos meus tempos de guri, lá em São Gabriel, a gente só ouvia rádio e, quando a situação financeira permitia, o pai comprava um toca discos para que a família curtisse as músicas mais tocadas no Brasil. Musica estrangeira só as argentinas e paraguaias. Naquele tempo, as gravações eram em 78 rotações, em discos que tinham dois lados, cada um com uma música. Normalmente era um sucesso de um lado e uma música menos tocada, do outro.

Meus irmãos mais velhos compravam os discos e ficavam escutando, quase sem parar, o lado do disco com o sucesso do momento. Ligavam o toca discos e colocavam a gravação que escutavam horas e horas, até que meu pai ou minha mãe chegassem e dissessem: “Não dá para virar o disco?”

A história, que não deve ser só minha, tem tudo a ver com o que está acontecendo no noticiário de rádio, jornal e televisão, principalmente nesta última onde temos uma repetição permanente do mesmo noticiário, com as mesmas imagens, os mesmos repórteres e os mesmos entrevistados. Na realidade só mudam os apresentadores.

Desde quarta-feira, por exemplo, que só se escuta a história do estupro de uma adolescente por 36 marginais e as gravações da delação do Sérgio Machado, entregando meio mundo para, quem sabe, tentar justificar tudo o que fez de errado na direção da Transpetro.

Adianto, antes que me entendam mal, que sou frontalmente contrario a qualquer tipo de violência contra mulheres e aceito a delação premiada como forma de esclarecimento de coisas que nem sempre são possíveis provar durante uma investigação.

O que não aguento mais, e acho que deve ter gente que pensa da mesma forma, é ouvir e assistir o mesmo noticiário repetido durante todo o dia. Basta ligar a televisão ou o rádio para que lá estejam apresentadores falando no estupro da adolescente e nas gravações do Sérgio Machado.

No caso da menina agredida, segundo ela, por mais de 30 marginais, e acho que o termo é este, surgem muitas dúvidas, não com relação ao fato, mas se realmente tudo o que ocorreu e que foi contado pela vítima, é verdadeiro. Quem pensa assim, corre o risco de ser chamado de machista ou de preconceituoso, mas o que se sabe é que a polícia não decretou, pelo menos até agora, nenhuma prisão, embora tenha vários suspeitos.

Já no caso de Sérgio Machado, realmente fica difícil saber quem não está envolvido nas já manjadas armações que tomaram conta dos políticos, principalmente no governo petista. Basta lembrar que ele foi operador durante os governos de Lula e Dilma. Nas gravações feitas por ele, sobra para todos os partidos e correntes.

Hoje, ao ligar o rádio do carro, uma repórter relacionava todos os gravados e repetia as mesmas conversas que escuto desde quarta passada. Ao chegar no trabalho, a televisão mostrava aquela já manjada arte com  a foto de Sérgio Machado e de quem falava com ele, colocando o texto (gravação) ao lado. 

Foi ai que pensei exatamente na história do disco de 78 rotações que a gente escutava lá em São Gabriel e imaginei meu pai, irritado, entrando na sala e pedindo a um de meus irmãos: “Não dá para virar o disco?”

Tenham todos um Bom Dia!

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