Aos mestres, com carinho!
A manhã fria de hoje aqui em Porto Alegre, me fez pensar
no quanto deve estar de gelado na região, por exemplo, da campanha do Rio
Grande do Sul. Na Serra, então, nem se fala. As temperaturas devem andar
beirando zero graus. A ausência do sol no começo da manhã, torna o dia ainda
mais gelado.
Daí fico imaginando as crianças que saem para o colégio,
muitas vezes andando quilômetros até chegarem a escola mais próxima. Enfrentam
o ar frio das manhãs de inverno com a disposição de quem precisa estudar para
ser alguém na vida. Vão para escola em busca do ensinamento necessário que, de
alguma forma, vai ajudar na luta por um espaço melhor na sociedade. Muitos
acabam desistindo no meio do caminho e deixam os estudos para seguir a vida que
seus pais aprenderam a viver.
Só quem não desiste nunca são as professoras, os professores que, faça frio, chuva ou calor, deixam suas casas e partem para salas de aulas que
nem sempre oferecem as condições necessárias para um bom ensinamento. Mas não
deixam de trabalhar com amor e carinho.
Desde cedo, os professores se tornam verdadeiros pais
para nossos filhos, para os filhos dos outros que, despreocupadamente, entregam
suas crianças para que aprendam, muitas vezes, aquilo que não conseguiram
aprender.
Lembrei de tudo ao, mais uma vez, ler que os professores
estaduais estão em greve na luta por melhores salários. Querem condições para
seguir praticando, quem sabe, a mais nobre das profissões, a de ensinar nossas
crianças a ler e escrever, a respeitar e ser respeitado, a caminhar pela vida
em busca de uma vida melhor.
Nem entro no mérito de quem comanda ou não o movimento.
Dirigentes de categorias, pelo menos na minha opinião e salvo algumas raras exceções,
são comprometidos politicamente e fazem o jogo de interesse partidário. Penso apenas
no direito que os professores tem de ganhar um salário digno, no mínimo, para
exercerem a profissão que abraçaram.
Sei das dificuldades orçamentárias do governo, assim como
sei do que vem sendo acumulado, faz muitos anos de ações de maus governantes
que, preocupados tão somente em manter o poder, prometem o que não terão
capacidade para cumprir. Muitas vezes, o que é pior, oferecem aquilo que será
responsabilidade de outro. Veja-se, por exemplo, o caso do piso salarial. Nem
quem assinou e/ou criou a lei, teve condições de cumpri-la. Mas prometeu
cumprir.
Neste momento, lá em São Gabriel, onde cursei o primário
no Grupo Escolar Mena Barreto, centenas de professoras e professores já estão
nas salas de aula, com a mesma disposição de sempre, com o carinho permanente,
ensinando crianças que, alheias ao momento difícil de quem lhes ensina, querem
aprender. E muitos conseguem.
Quem sabe o Centro dos Professores e o governo estadual tentam
conversar. Quem sabe conseguem chegar a um denominador que permita pagar aos
professores um salário justo. Ficar gritando de um lado e de outro
que o salário é injusto e que não existe verba, não vai levar a lugar nenhum. O
governo precisa saber que a educação deverá, sempre, ser prioridade, assim como
saúde e segurança. Mas os professores precisam, pelo menos, ganhar um salário
que lhes permita viver dignamente.
Não sou favorável a greves, ocupações ou lutas de
classes. Acho que o diálogo sempre será o melhor caminho. Mas não consigo ficar
alheio ao momento em que, mais uma vez, é preciso dar aos mestres o carinho que
merecem.
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