terça-feira, 10 de maio de 2016

BOM DIA!

Se foi pra desfazer, por que é que fez?

O verso do samba Cotidiano nº 2, de Vinicius de Moraes, define perfeitamente o impensado e incoerente ato do presidente interino da Câmara Federal, deputado Waldir Maranhão, do PP do Maranhão, determinando a anulação da votação que autorizou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Sem consultar ninguém, numa atitude absolutamente monocrática, Maranhão decidiu aceitar o pedido da AGU e anulou a sessão onde 367 deputados aprovaram a abertura do processo que foi encaminhado ao Senado, encerrando a participação da Câmara.

Analisando a ação de Maranhão, vamos encontrar uma série de indícios que justificam sua atitude solitária e extemporânea. A começar por sua viagem ao Maranhão no final de semana. Lá, depois de encontro com o governador Flavio Dino (PC do B), seu padrinho político e fiel aliado de Dilma, voltou para Brasília, em avião da FAB, trazendo o governador de carona. Na Capital Federal, jantou com o governador, com o advogado-geral, José Eduardo Cardozo, e outros políticos interessados em barrar o impeachment. Durante a janta foi tramado, e provavelmente redigido, o documento que ele assinou ontem (9) de manhã, anulando a votação na Câmara.

O encontro foi admitido pelos participantes, o governador do Maranhão e o advogado-geral que, inclusive, não pouparam detalhes afirmando que realmente trataram da questão.

Flávio Dino, inclusive, disse que havia oferecido a candidatura ao Senado pelo Maranhão, em 2018, ao presidente interino da Câmara. Disse, também, que Maranhão poderia ser convidado a ocupar uma secretaria em seu governo.

A comemoração entre os governistas foi enorme, só que durou pouco, pois não contavam com a reação do presidente do Senado, Renan Calheiros, que simplesmente ignorou a “brincadeira com a democracia” feita por Waldir Maranhão. Sob protestos dos senadores defensores de Dilma, Renan determinou o prosseguimento da ação e mandou ler o relatório do senador Anastasia que votou pelo impeachment.

Ontem, quase na madrugada, Waldir Maranhão, novamente sozinho, assinou um comunicado de cinco linhas informando que anulava o ato assinado pela manhã. E, como antes, não deu maiores explicações, quem sabe por não ter o que dizer.  

Agora terá que arcar com as consequências da bobagem que fez, pois seus companheiros de partido já anunciaram que pedirão sua expulsão do PP. A reunião está marcada para hoje. Ao mesmo tempo, vários deputados prometem acionar a Comissão de Ética tentando a cassação do mandato de Maranhão.

Volto ao verso de Vinicius e fico pensando na trapalhada provocada pelo insignificante e obscuro deputado e que, durante toda a tarde, levou o Brasil para as manchetes de jornais de todo o mundo, que desdenharam da situação crítica, para não dizer cômica, dos brasileiros. E me pergunto: “se foi pra desfazer, porque é que fez?

Tenham todos um Bom Dia!

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