Espelho, espelho meu!
No primeiro dia depois que os deputados aprovaram, por
maioria esmagadora, a autorização para o prosseguimento do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), li, ouvi e assisti aos mais
variados comentários sobre o assunto. Como se dizia antigamente, tem para todos
os gostos!
Não gostaria de entrar no mérito da decisão dos
deputados. Tenho manifestado, aqui, minha opinião sobre o momento que estamos
vivendo no Brasil, onde não existe governo, onde a corrupção tomou conta de
todos os setores, onde há uma inversão total de valores e principalmente onde
cada um se julga no direito de ofender adversários sem olhar para traz ou, em
muitos casos, sem se olhar no espelho.
Afirmam os governistas, que foi aplicado um golpe contra
a presidente que obteve 54 milhões de votos e que se trata de uma pessoa
honrada, honesta e coisa e tal. Esquecem, no entanto, que os 54 milhões de
votos, também foram dados ao vice-presidente Michel Temer. Ele fazia parte da
chapa da presidente Dilma, como na eleição anterior. Quem não quisesse o Temer
de vice, que não votasse na Dilma, ou que reclamasse antes. Alguém lembra de
ter ouvido qualquer petista reclamando da presença de Temer na chapa? Alguém se
colocou contra os votos que Dilma receberia do PMDB? Eu não lembro, mas posso
estar enganado.
Antes Temer e os votos do PMDB serviam, agora ele é traidor,
conspirador, golpista e não tem voto. Isso, pelo menos para mim, é incoerência
das maiores. Ou auto defesa, sei lá. Eu posso garantir que estou tranquilo, jamais votei em Temer.
O deputado Henrique Fontana, que foi um vereador medíocre
em Porto Alegre, afirmou em artigo publicado na imprensa, que a institucionalização
da corrupção no Brasil, a quebra da Petrobras e a notória incompetência do governo,
são fatos secundários. A culpa, como sempre, é de governos passados. Para
Fontana, Eduardo Cunha é um corrupto que não poderia ter comandado a sessão da
Câmara na votação do impeachment. Mas Fontana não falou, por esquecimento ou interesse,
em José Dirceu, Vacari Neto e outros companheiros seus que estão presos e
condenados em Curitiba. Eduardo Cunha é, sim, um corrupto, mas nada diferente
dos petistas presos por roubo.
Agora o processo está no Senado, e a pergunta que faço, é
a seguinte: depois que ofenderam, gritaram esbravejaram contra Eduardo Cunha,
chamado de corrupto, ladrão e réu da Lava Jato, farão o mesmo em relação a
Renan Calheiros, tão envolvido em corrupção quanto Cunha, ou silenciarão por se
tratar de um corrupto aliado da presidente e do governo?
Para encerrar, reproduzo o comentário de um leitor
publicado na ZH de hoje sobre a coluna de Luiz Fernando Veríssimo publicada
ontem (18). Diz o leitor: “A votação no
Congresso garante que eu e outros
brasileiros preferimos ver no espelho, ao nosso lado, Eduardo Cunha, ao invés
de José Dirceu, Lula, Dilma e Veríssimo”.
Como diria um amigo meu, UMA OPINIÃO!
Tenham todos um Bom Dia!
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