Delcídio compromete Dilma e Lula em delação
Um trecho da delação premiada do Senador Delcídio Amaral
deve repercutir hoje nos mercados, que negociam cada vez mais atrelados ao
desfecho da saga política que envolve a Lava Jato e o futuro do Governo Dilma
Rousseff.
De acordo com a revista IstoE, que teve acesso a trechos
da delação e antecipou sua edição para hoje, Delcídio comprometeu a Presidente
Dilma e o ex-Presidente Lula.
De acordo com a revista, o ex-líder do Governo no
Senado disse ao Ministério Público Federal que Dilma tentou interferir na Lava
Jato articulando a nomeação de ministros para tribunais superiores — o STJ em
especial — que fossem simpáticos a teses favoráveis aos réus da Lava Jato.
Segue trecho da reportagem:
“A ‘solução’
passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal
nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas
corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Na semana da definição da
estratégia, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para
uma conversa privada. Os dois conversavam enquanto caminhavam pelos
jardins do Alvorada, quando Dilma solicitou que Delcídio, na condição de líder
do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de
que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio
Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Conforme acertado com a presidente,
Delcídio se encontrou com Navarro “no próprio Palácio do Planalto, no
andar térreo, em uma pequena sala de espera”, o que, segundo o senador, pode
ser atestado pelas câmeras de segurança. Na reunião, de acordo com
Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr.
Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o
assunto”.
Delcídio também disse ao MPF que o mentor intelectual da
conversa que teve com o filho de Nestor Cerveró foi o ex-Presidente Lula.
A conversa girava em torno de pagamentos à família de Cerveró e do
planejamento de sua fuga, e sua gravação levou às prisões de Delcídio e do
banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.
A revelação de Delcídio vem a público no mesmo dia em que
o IBGE publicou a contração no PIB em 2015 (da ordem de 3,8%) e em meio a um
crescente convicção da sociedade — notadamente da classe empresarial — de que o
destino da economia, mesmo no curto prazo, está predicado numa solução para o
impasse político.
Não se sabe se Delcídio foi capaz de provar aos
investigadores o envolvimento de Lula mas, na chocante narrativa dos últimos
dois anos, sua delação, se confirmada, parece ser a prova mais indelével a ser
levantada até agora sobre a disposição de Lula de frear a Lava Jato.
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