Notícias e Editorial
Começo a segunda-feira lembrando que estamos vivendo, hoje,
o último dia do segundo mês de 2016. Ou estou ficando velho mesmo, ou o tempo
está andando muito rapidamente. Amanhã já estaremos em março.
Na minha passada rápida pelos noticiários, fico sabendo
que as escolas particulares perderam 1 milhão de alunos, segundo a Confederação
Nacional dos Estabelecimentos de Ensino. O desemprego e a falta de dinheiro,
obrigou a ida de 1 milhão de alunos para escolas públicas. Como se sabe que o
ensino público é muito frágil, fico pensando do que será do futuro de nossas
crianças, aquelas que precisam estudar e nem sempre conseguem.
Nas universidades federais o quadro não é muito diferente.
Nove delas estão amargando um déficit de R$ 400 milhões. Como o governo já gastou
tudo o que tinha e ainda está devendo muito mais, certamente as universidades
verão o rombo aumentando.
Falando em desemprego, em 2015, nada mais nada menos do
que 100 mil lojas foram fechadas em todo o Brasil, o que significa um número
incalculável de desempregados. É a crise, que para alguns deputados e
militantes não existe ou foi inventada pela imprensa golpista.
Leonardo di Cáprio finalmente ganhou o Oscar de melhor
ator. A estatueta de melhor filme foi para Spotlight.
Mas acho que o melhor que encontrei nas minhas leituras
matinais, foi o principal editorial do Estadão, que reproduzo a seguir. Ele
fala sobre o que o Brasil inteiro sabe, mas não entende, ou seja, as artimanhas
de Luiz Inácio para fugir da Justiça. Não deixem de ler.
Tenham todos um Bom Dia!
De que foge Lula?*
Diante da montanha de evidências de que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva pode ter se beneficiado pessoalmente de suas relações
com as maiores empreiteiras do País, é justo esperar que o capo petista venha a
público prestar os devidos esclarecimentos. Afinal, a “viva alma mais honesta
deste País” decerto não teria nenhuma dificuldade para dissipar as suspeitas a
respeito de sua conduta.
Mas Lula decidiu refugiar-se no silêncio. As únicas
manifestações em seu nome partem quase sempre do Instituto Lula, que instituto
não é, pois funciona como assessoria de imprensa e escritório político do
ex-presidente. E essas manifestações, geralmente furibundas, limitam-se a negar
as acusações e a disparar impropérios contra aqueles que, segundo a tigrada,
invejam as conquistas desse grande homem e o bem que ele fez ao País.
Lula mesmo não fala, e até seus apoiadores, quando ousam
tocar no assunto, na esperança de ouvir dele sua versão dos fatos e assim
orientar-se sobre o que dizer quando questionados, recebem como resposta
resmungos indignados. Em recente reunião do PT, ele se queixou: “Não aguento
mais falar disso”.
Os atos de Lula, porém, valem mais do que mil palavras.
Sem ter como justificar os imensos favores que recebeu das empreiteiras
camaradas, pois qualquer explicação que ele der terá de vir acompanhada de
documentos, ao ex-presidente restaram as chicanas mais ordinárias. A mais
recente foi o ataque ao promotor Cássio Roberto Conserino, do Ministério
Público Estadual, que chamou Lula e sua mulher, Marisa Letícia, para depor
sobre o misterioso tríplex do Guarujá totalmente reformado pela construtora OAS
e cuja propriedade se atribui ao petista. A coisa toda respeitou o bem
conhecido padrão de comportamento do ex-presidente. O nome de Lula, como
sempre, não aparece em nenhum lugar – há sempre uma interposta pessoa a fazer o
serviço que lhe convém. No caso do promotor Conserino, quem fez esse serviço
foi o deputado petista Paulo Teixeira (SP).
Às vésperas do depoimento de Lula e Marisa Letícia,
marcado para o dia 17/2, Teixeira entrou com uma representação no Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) alegando que o promotor Conserino havia
transgredido a Lei Orgânica do Ministério Público ao supostamente antecipar
juízo de valor sobre o caso em entrevistas à imprensa. Além disso, o deputado
argumentou que o processo deveria ter sido distribuído a um outro promotor, que
já cuida de uma investigação semelhante.
Em caráter liminar, o CNMP aceitou os argumentos de
Teixeira e adiou o depoimento. Foi uma decisão excêntrica, antes de mais nada
porque o deputado Teixeira nem é parte no processo e, por razões óbvias, não
poderia ter ingressado com a representação.
Dias depois, os advogados de Lula protocolaram
requerimento no CNMP em que apoiavam a representação de Teixeira, mas a liminar
acabou derrubada por unanimidade pelo plenário desse órgão, por sua evidente
fragilidade. O imbróglio, no entanto, dá pistas de qual será a estratégia
lulopetista para criar embaraços técnicos ao processo e, assim, livrar Lula da
obrigação de falar. A ideia é questionar a conduta dos que acusam o
ex-presidente, sem enfrentar o mérito das acusações. Os advogados do petista,
por exemplo, já avisaram que também vão reclamar ao CNMP e ao procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, a respeito do comportamento dos procuradores do
Distrito Federal em inquérito que apura se Lula cometeu tráfico de influência.
É, portanto, um método.
Enquanto isso, nem a defesa de Lula nem os petistas que
lhe servem de títeres fornecem qualquer explicação concreta a respeito das
caríssimas benfeitorias bancadas pelas empreiteiras companheiras no apartamento
do Guarujá e também no sítio de Atibaia, aquele para o qual o chefão petista
enviou sua mudança quando deixou a Presidência, mas que ele jura que não lhe pertence.
Não será surpresa se, para justificar tanto mimo da parte
de empresas enroladas no petrolão e o usufruto de imóveis que não constam de
sua declaração de renda, Lula acabe dizendo apenas que tem bons amigos – e
amizades puras como essas, afinal, dispensam a apresentação de provas à
Justiça.
*Publicado no Portal do Estadão em 29/02/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário