PF rastreia ligações da Odebrecht para assessor do Instituto Lula
Alexandrino Alencar (Foto: Veja.com) |
Preso pela Operação Lava
Jato em junho, o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar atuava em parceria
com o ex-presidente Lula para tentar desmoralizar a cobertura da imprensa sobre
o petrolão e as investigações do Ministério Público Federal sobre as relações
do petista com a empreiteira. Perícia realizada pela Polícia Federal no iPhone
de Alexandrino revela que um dos assessores de Lula, José Chrispiniano, era o
responsável por informar o ex-diretor da empreiteira sobre cada passo dado pelo
Instituto Lula ao divulgar notas oficiais e versões favoráveis ao ex-presidente
e à empreiteira. Entre janeiro e junho desse ano, Chrispiniano e Alexandrino
Alencar trocaram 58 telefonemas. O ex-diretor da Odebrecht também telefonou 16
vezes para o Instituto Lula. No auge das revelações das relações comerciais de
Lula com a Odebrecht, em abril, o assessor de Lula e Alexandrino se encontraram
em São Paulo. Alexandrino chegava a dar a palavra final sobre alguns dos textos
que o instituto iria divulgar à imprensa.
No
aplicativo de mensagens usado por Alexandrino, os investigadores também
encontraram várias conversas entre o assessor de Lula e o ex-diretor. Em uma
das trocas de mensgaens, ocorrida em abril deste ano, Chrispiniano relata para
Alexandrino a resposta que enviaria à imprensa sobre reportagens que mostravam
a relação de proximidade de Lula e a Odebrecht. "Gostei muito", diz
Alexandrino. Em outro trecho, Alexandrino diz ao assessor de Lula que o
"chefe ligou p..." ao ler uma reportagem sobre as relações da empreiteira
com Lula.
Não fica claro se Alexandrino se refere a Marcelo Odebrecht ou Lula,
a quem ele também costumava chamar de "chefe". Ainda no mesmo mês, o
assessor de Lula combina com Alexandrino as respostas que deveriam ser enviadas
a VEJA, sobre os pagamentos milionários da empreiteira pelas palestras do
ex-presidente Lula.
José Chrispiniano e Andrés Sanchez (Foto: PF) |
No
material analisado pela Polícia Federal, Alexandrino também conversa com o
deputado federal Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e amigo de Lula.
O deputado se diz "um soldado" da Odebrecht e mostra que também fazia
a ponte da empreiteira com Lula. Numa troca de mensagens de março, Alexandrino
fala com o deputado sobre uma reunião com Lula. "O instituto ainda não
confirmou a reunião de sexta-feira, estou cobrando. Se não puder, pode ser
segunda-feira?", pergunta Alexandrino ao deputado. "Pode", diz
Sanchez que então sugere que a reunião com Lula seja no sábado. "Não sei,
acho difícil porque acho que vai pro sítio", diz Alexandrino,
possivelmente se referindo ao sítio usado por Lula em Atibaia. Em outra
conversa, o deputado petista e Alexandrino falam sobre o doleiro Adir Assad,
também preso na Lava Jato: "Como chama o doleiro?", pergunta Sanchez.
"Assad", responde o ex-diretor.
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