Votação adiada para terça-feira
Uma manobra de parlamentares da oposição, com aval do presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), postergou a eleição da comissão especial
que analisará o pedido de impeachment contra a presidente da República, Dilma
Rousseff. O adiamento ocorreu no mesmo dia em que Dilma anunciou querer que o
Congresso decida sobre o impeachment "o mais rápido possível".
A
indicação e a escolha da chapa com 65 deputados seria realizada nesta
segunda-feira às 18 horas, mas ficou para terça depois de opositores
articularem a eleição de uma chapa alternativa. A intenção é evitar que líderes
dos partidos da base governista que têm deputados com posições divergentes
indiquem apenas integrantes alinhados ao Palácio do Planalto para barrar o
processo. O primeiro racha foi na bancada do PMDB, depois de o líder Leonardo
Picciani (RJ), defensor declarado de Dilma, sinalizar que não reservaria vagas
para deputados pró-impeachment.
A
indicação dos nomes e a escolha dos integrantes da comissão deverão ocorrer às
14 horas desta terça-feira, o que pode esvaziar também a sessão do Conselho de
Ética e Decoro Parlamentar programada para votar o relatório preliminar do
processo contra Eduardo Cunha no mesmo horário.
Aliados de
Cunha, como o deputado Paulinho da Força (SD-SP), retiraram as indicações que
já haviam sido feitas e vão apresentar nomes apenas na chapa paralela, nesta
terça. Segundo Paulinho, quando há divergências numa bancada pode haver
candidaturas avulsas apresentadas pelos deputados e outra feita pelo líder. Ele
disse que a chapa paralela poderá ser registrada com no mínimo 33 nomes e
forçar uma disputa eleitoral.
"Os
líderes indicam seus nomes e formam uma chapa. Mas dentro das suas bancadas
pode-se fomentar que parlamentares formem uma segunda chapa. Está permitida uma
briga interna de cada bancada", disse Sibá Machado (AC), líder do PT.
"É inaceitável. Eu abandonei a reunião de líderes. Está tudo contaminado.
Nós temos uma única chapa. Essa história de chapa avulsa tem o dedo dos tucanos
para criar problema. Hoje à noite seria quase uma aclamação."
Para o
líder do PMDB, a decisão desta tarde indica um começo "ruim" e
"grave" na análise do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Picciani alertou que a manobra articulada por Cunha e deputados de oposição
pode permitir que a comissão fique indefinidamente sem instalação - medida que
atingiria justamente o objetivo de protelar a ação e deixar a presidente
enfraquecida por mais tempo. "Deveria se prezar pela estabilidade das
decisões do colégio de líderes para que a comissão pudesse legitimamente se
instalar e iniciar esse debate", afirmou o peemedebista.
Picciani é
o principal alvo da estratégia adotada nesta tarde, já que está reticente em
indicar nomes pró-impeachment. Peemedebistas da ala mais rebelde chegaram a
articular a destituição do líder, mas, de acordo com Picciani, a medida não
vingou. "Eu continuarei líder prezando pela estabilidade e pelo bom
senso", afirmou.
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