Nelson Barbosa substituirá Joaquim Levy
Kennedy Alencar
A presidente Dilma Rousseff decidiu deslocar Nelson
Barbosa do Planejamento para a Fazenda. De acordo com assessores, ela resolveu
bancar a aposta em um nome mais afinado tecnicamente com ela.
A escolha de Barbosa atende também a um pedido do grupo
de economistas do PT que se reuniu ontem com a presidente. Ou seja, Dilma
insistirá nas políticas que levaram o país para o buraco.
Com Levy, Dilma tinha dificuldade para interferir na
política econômica, apesar de tê-lo feito diversas vezes. Com Barbosa, a
ministra da Fazenda será ela.
Ao longo do ano, Barbosa foi uma espécie de ministro da
Fazenda do B, um anti-Levy. Agora, um raciocínio usado para justificar sua ida
para a Fazenda é que o país já perdeu mesmo o grau de investimento em duas
agências, Levy já fez parte do trabalho duro, os indicadores já foram para o
espaço e, portanto, tudo bem colocar Barbosa na Fazenda.
Realmente, a presidente Dilma não surpreende. Basta
ganhar um fôlego para fazer uma besteira.
A presidente havia acertado com Levy uma saída em
janeiro. Queria tempo para buscar um nome para a Fazenda, diante das dúvidas em
relação a Barbosa, espécie de preferido desde a campanha eleitoral que teve de
ficar na reserva diante das pressões do ex-presidente Lula por mudanças na
política econômica.
Derrotado no debate sobre a meta de superavit primário de
2015, Levy decidiu dar sinais públicos de sua insatisfação. A presidente ficou
calada. Não procurou demovê-lo e deixou o problema crescer. Foi obrigada a
fazer uma troca às pressas, um dia depois de ter colhido uma boa notícia no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Aliás, esse governo tem um padrão. Se recebe uma boa notícia,
não espera 24 horas para arrumar uma agenda negativa e anular parte do efeito
positivo que poderia deixar repercutir por mais dias. A escolha de Barbosa será
mal recebida pelo mercado e pelos empresários.
De certa forma, a opção por Barbosa já está no preço,
porque os indicadores pioraram muito. Acontece que poderão piorar ainda mais. E
isso é gasolina na fogueira do impeachment, sobretudo agora que o tema ficou
para ser debatido de fevereiro em diante.
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