Delatores dizem que amigo de Lula acertou
propina de US$ 5 milhões para Cerveró
Lula e Bumlai (Foto: Veja) |
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, e o operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão
Soares, o Fernando Baiano, acertaram o pagamento de US$ 5 milhões em propina
para o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e outros dois
ex-gerentes da estatal, pagos pelo Grupo Schahin, pelo contrato de operação do
navio-sonda Vitória 10.000.
Duas
delações premiadas fechadas com a Operação Lava Jato, entre elas a de Fernando
Baiano, e documentos entregues aos investigadores colocam Bumlai e a Schahin no
foco da força-tarefa do Ministério Público Federal e Polícia Federal.
O encontro
teria ocorrido no escritório de Fernando Baiano, no Rio. Participaram da
reunião Bumlai, Fernando Baiano, Cerveró, o ex-gerente-geral da Diretoria de
Internacional Eduardo Musa e o ex-gerente executivo da área Luis Carlos
Moreira. Preso desde dezembro de 2014, em Curitiba, a delação do operador do
PMDB foi fechada no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanece em sigilo. Musa,
fechou delação em Curitiba, com o juiz federal Sérgio Moro.
Cerveró e Baiano |
O pagamento
dos US$ 5 milhões teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de
um dos fundadores do grupo, e dividido entre os três ex-executivos da Petrobrás
da Diretoria de Internacional – cota do PMDB no esquema de corrupção na
estatal. Dois deles indicaram contas no Uruguai para receber suas partes e um,
na Suíça.
Citado como “o pecuarista” em conversas de executivos investigados
em Curitiba, Bumlai seria uma espécie de avalista dos negócios com a Schahin,
suspeita a Polícia Federal. Seu nome ainda não havia sido citado diretamente
nos negócios de propina alvos da Lava Jato.
O
navio-sonda Vitória 10.000 fez parte de um pacote de construção de dois
equipamentos do tipo, usados para exploração de petróleo em águas profundas.
Contratados pela Diretoria de Internacional, com negociações iniciadas em 2005,
por Cerveró, o pacote incluiu os termos de construção e depois de operação.
Ambos, segundo a Lava Jato, envolvendo propina.
A Samsung
Heavey Industries, em parceria com o Grupo Mitsui, foi a responsável pela
construção dos dois navios-sonda (Vitória 10.000 e Petrobrás 10.000). Processo
já julgado procedente pelo juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, concluiu que a
empresa pagou pelo menos US$ 30 milhões de propina, via lobista Julio Gerin Camargo
e Fernando Baiano nessa primeira etapa. Um dos beneficiados foi o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu pelo menos US$ 5
milhões.
As novas
revelações de Fernando Baiano e do ex-gerente de Internacional Eduardo Musa
confirmam que a segunda fase de contrato do Vitoria 10.000, para operação do
equipamento, também envolveu propina e a interferência direta do amigo de Lula.
A Schahin foi
contratada, por meio da Deep Black Drilling LLP, para operação do Vitoria
10000, pelo prazo de 10 anos (2010-2020), pelo valor US$ 1,5 bilhão.
Apurações internas da
Petrobrás anexadas aos autos da Lava Jato indicaram problemas no contrato com a
Schahin. “A demora em concretizar negociação com a Schahin para a vinda do
Vitoria 10000 para o Brasil implicou em custo de aproximadamente US$ 126
milhões”, informa documento da estatal. “A escolha da Schahin como parceira foi
discricionária.”
O contrato foi
rescindido pela Petrobrás, em maio, após o nome da empresa ser elencado entre
uma das participantes do cartel alvo da Lava Jato. O grupo entrou esse ano em
concordata. (Agência Estado)
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