46 deputados pedem cassação de Cunha
O PSOL e a nova Rede Sustentabilidade protocolaram na tarde
desta terça-feira um pedido de processo de cassação do mandato do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dos 46 parlamentares que assinam o documento
enviado ao Conselho de Ética, 32 são do PT, cuja bancada tem 62 membros, outros
cinco do PSOL e um da Rede - os demais são do PMDB, Pros, PPS e PSB.
Embora as
assinaturas sejam majoritariamente de petistas, o líder do partido, Sibá
Machado (AC), decidiu horas antes liberar a bancada com o argumento de que essa
seria uma prerrogativa da direção do partido e não da bancada. Sem uma posição
tomada, os petistas deixam as portas abertas para um possível acordo de
blindagem mútua entre Cunha e da presidente Dilma Rousseff, que corre o risco
de enfrentar processo de impeachment.
O documento
será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa Diretora, que terá três dias para
devolvê-lo ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
É a primeira
representação em 2015 no Conselho de Ética contra um investigado na Operação Lava
Jato. Cunha foi citado em depoimentos de investigados como um dos beneficiários
de 5 milhões de dólares do esquema de desvios de recursos da Petrobras. Além
disso, autoridades da Suíça informaram o Ministério Público brasileiro que
encontraram contas em nome de Cunha e seus familiares. O peemedebista é alvo de
inquérito apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por
suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, mas pode sofrer novas acusações
no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa das contas secretas no exterior.
Na ação, os
partidos pedem também o depoimento do presidente da Câmara ao Conselho de Ética
e de outros nomes envolvidos na Lava Jato, como os delatores Alberto Youssef,
Júlio Camargo, Fernando Soares, o Fernando Baiano. As legendas solicitaram
ainda audiência com o engenheiro João Augusto Henriques, apontado pelo
Ministério Público como um dos operadores do PMDB na Lava Jato. Henriques
afirmou à Polícia Federal que enviou dinheiro a uma conta corrente cujo
verdadeiro destinatário era Eduardo Cunha.
"A quem
exerce mandato parlamentar, deve ser especialmente cara a proibição legal de
realizar atos e práticas abusivas ou contrárias aos princípios constitucionais
da probidade, legalidade, publicidade e moralidade", afirmam os partidos
na representação.
Na Câmara,
Cunha também já é alvo de pedido de investigação na Corregedoria da Casa. (Veja.com/conteúdo)1111
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