Temer não fugirá
de suas
obrigações com o Brasil
Ricardo Noblat
Não convidem para a mesma mesa a
presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente da República Michel Temer. Os
dois já não se dão bem.
Há pouco mais de 15 dias, no que soou
como um pronunciamento à Nação, Temer disse que o momento é grave e que precisa
aparecer uma pessoa capaz de unificar o país.
Ele jura que não se ofereceu para ser
essa pessoa. Mas Dilma e o PT viram na fala dele um convite ao golpe.
Na semana passada, Temer ficou
sabendo pela imprensa que o governo pretendia ressuscitar a CPMF, o imposto do
cheque. Duvidou.
Ao confirmar a informação com Joaquim
Levy, ministro da Fazenda, atacou a ideia. E, em seguida, devolveu a Dilma a
coordenação política.
Devolveu o que Dilma, na verdade,
nunca lhe deu para valer. E que havia retomado sem avisá-lo.
Esta semana, o governo despachou para
o Congresso a proposta de Orçamento da União de 2016 com um déficit estimado em
35 bilhões de reais. Temer não foi ouvido nem cheirado para isso.
Dilma teve a cara de pau, ontem, de
insistir com Temer para que retomasse a coordenação política. Ela está cada vez
mais isolada.
Temer disse não. E liberou Dilma para
entregar a coordenação a quem quiser.
Foi uma conversa dura. Como dura havia
sido uma conversa entre eles há uma semana.
O vice repele qualquer insinuação de
que possa um dia mudar sua relação de lealdade com a presidente. Jamais.
Mas acha que mais importante do que
ele e do que Dilma é o Brasil. E garante que não fugirá às suas obrigações com
ele.
Publicado em O Globo.com
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