quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Opinião

Temer não fugirá de suas 
obrigações com o Brasil

Ricardo Noblat

Não convidem para a mesma mesa a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente da República Michel Temer. Os dois já não se dão bem.

Há pouco mais de 15 dias, no que soou como um pronunciamento à Nação, Temer disse que o momento é grave e que precisa aparecer uma pessoa capaz de unificar o país.

Ele jura que não se ofereceu para ser essa pessoa. Mas Dilma e o PT viram na fala dele um convite ao golpe.

Na semana passada, Temer ficou sabendo pela imprensa que o governo pretendia ressuscitar a CPMF, o imposto do cheque. Duvidou.

Ao confirmar a informação com Joaquim Levy, ministro da Fazenda, atacou a ideia. E, em seguida, devolveu a Dilma a coordenação política.

Devolveu o que Dilma, na verdade, nunca lhe deu para valer. E que havia retomado sem avisá-lo.

Esta semana, o governo despachou para o Congresso a proposta de Orçamento da União de 2016 com um déficit estimado em 35 bilhões de reais. Temer não foi ouvido nem cheirado para isso.

Dilma teve a cara de pau, ontem, de insistir com Temer para que retomasse a coordenação política. Ela está cada vez mais isolada.

Temer disse não. E liberou Dilma para entregar a coordenação a quem quiser. 

Foi uma conversa dura. Como dura havia sido uma conversa entre eles há uma semana.

O vice repele qualquer insinuação de que possa um dia mudar sua relação de lealdade com a presidente. Jamais.

Mas acha que mais importante do que ele e do que Dilma é o Brasil. E garante que não fugirá às suas obrigações com ele.

Publicado em O Globo.com

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