quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Editorial

Limites ultrapassados*

Sob o pretexto de protestar contra a elevação do ICMS, servidores e sindicalistas bloquearam o trânsito na Capital e em outras cidades do Estado, provocando transtornos de toda ordem à população numa manhã já complicada pelo mau tempo. Mais uma vez, configurou-se um conflito de direitos: o de uma minoria que queria exercer a sua liberdade de manifestação e o de uma maioria igualmente legitimada pela Constituição para ir e vir sem ser obstaculizada. 

Prevaleceu, por mais de duas horas, o arbítrio dos que se impuseram pela força e pelo desrespeito aos interesses dos outros.

Ainda que a democracia contemple o livre exercício do protesto, não há como admitir que grupos de pessoas imponham prejuízos a outras que nada têm a ver com seus pleitos. Quem vai reparar os danos do cidadão que perdeu o voo, do operário que teve descontado o seu dia de trabalho, dos alunos e professores que chegaram tarde à escola e de outras tantas pessoas que não puderam cumprir seus compromissos?

O mais desconcertante do episódio é o fato de os manifestantes estarem protestando contra uma das poucas alternativas propostas pelo governo para colocar os salários dos servidores em dia. Mais: fica difícil de entender que os servidores tenham optado por provocar a indignação de cidadãos que até então eram simpáticos à sua causa — pois não há quem concorde com o pagamento atrasado e parcelado de salários.

Ainda que se reconheça o comportamento adequado da maioria dos manifestantes, tanto os abusos no bloqueio do trânsito quanto os excessos na tentativa de invasão da Assembleia evidenciam desrespeito a limites e aos direitos dos demais.

*Publicado na ZH de 23/09/2015

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