Limites
ultrapassados*
Sob
o pretexto de protestar contra a elevação do ICMS, servidores e sindicalistas
bloquearam o trânsito na Capital e em outras cidades do Estado, provocando
transtornos de toda ordem à população numa manhã já complicada pelo mau tempo.
Mais uma vez, configurou-se um conflito de direitos: o de uma minoria que
queria exercer a sua liberdade de manifestação e o de uma maioria igualmente
legitimada pela Constituição para ir e vir sem ser obstaculizada.
Prevaleceu,
por mais de duas horas, o arbítrio dos que se impuseram pela força e pelo
desrespeito aos interesses dos outros.
Ainda
que a democracia contemple o livre exercício do protesto, não há como admitir
que grupos de pessoas imponham prejuízos a outras que nada têm a ver com seus
pleitos. Quem vai reparar os danos do cidadão que perdeu o voo, do operário que
teve descontado o seu dia de trabalho, dos alunos e professores que chegaram
tarde à escola e de outras tantas pessoas que não puderam cumprir seus
compromissos?
O
mais desconcertante do episódio é o fato de os manifestantes estarem
protestando contra uma das poucas alternativas propostas pelo governo para
colocar os salários dos servidores em dia. Mais: fica difícil de entender que
os servidores tenham optado por provocar a indignação de cidadãos que até então
eram simpáticos à sua causa — pois não há quem concorde com o pagamento
atrasado e parcelado de salários.
Ainda
que se reconheça o comportamento adequado da maioria dos manifestantes, tanto
os abusos no bloqueio do trânsito quanto os excessos na tentativa de invasão da
Assembleia evidenciam desrespeito a limites e aos direitos dos demais.
*Publicado
na ZH de 23/09/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário