‘Eu depositava numa conta do PT’
O dono da UTC
Engenharia Ricardo Pessoa afirmou em depoimento na quarta-feira, 2, na Justiça
Federal em Curitiba, que o ex-diretor de Serviços Renato Duque o encaminhava ao
ex-tesoureiro do PT João Vaccari para pagamento de propina. O delator afirmou
que fez depósitos oficiais em contas do partido. Pessoa é um dos principais
delatores da Lava Jato e ainda não teve sua delação premiada tornada pública.
Este foi o primeiro
depoimento público do delator. Ricardo Pessoa, no entanto, não aparece nas
imagens da audiência na Justiça Federal. Desde o início dos processos da Lava
Jato, os depoimentos são gravados em vídeo e áudio. A defesa de Ricardo Pessoa
pediu para que seu rosto não fosse mostrado. Durante a audiência, o juiz Sérgio
Moro, que conduz as ações da Lava Jato, instruiu o delator para que ele não
citasse políticos com foro privilegiado durante o depoimento.
O delator falou à
Justiça como testemunha de acusação no processo em que são réus o presidente da
Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos ligados ao grupo.
Presidente da UTC
Engenharia, ele é apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia
Federal como o presidente do ‘clube vip’ das empreiteiras que se apossaram de
contratos bilionários da Petrobrás entre 2004 e 2014.
Questionado pelo
Ministério Público Federal se havia feito pagamento de propina a funcionários
da estatal, o delator confirmou.
“Sim. Eu paguei para o
Pedro Barusco (ex-gerente executivo da Petrobrás). Renato Duque sempre me
encaminhou para o senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão dos senhor
Renato Duque. Era sempre encaminhado o assunto para o senhor João Vaccari”,
afirmou Ricardo Pessoa.
Pessoa disse que seu
primeiro contato na Diretoria de Serviços da Petrobrás foi Pedro Barusco, então
braço-direito de Renato Duque. “Depois, o próprio Duque me procurou e começou a
dizer que eu tinha que fazer contribuições políticas que essas contribuições
teriam que ir através do Vaccari.”
O juiz Sérgio Moro
perguntou “Essas contribuições eram como parte do acerto de propina?”.
“Sim, como parte, mais
claro impossível”, respondeu o empreiteiro. “Eu depositava oficialmente numa
conta do Partido dos Trabalhadores.”
O juiz insistiu. “Essa
contribuição vinha do acerto de propinas para a Diretoria de Serviços?”
O empreiteiro
respondeu. “Sim, para mim eu estava pagando a Vaccari, a mesma coisa.” (Agência Estado)
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