Extremamente constrangido!
Li no Facebook, o comentário de um juiz, se não estou
engando, de Santa Maria, se dizendo “extremamente constrangido” diante do fato
de receber seu salário integral e ver, ao seu lado, um funcionário de seu
gabinete receber apenas R$ 600, devido ao parcelamento imposto pelo governo
estadual.
Não sei e nem me interessa saber quanto ganha um juiz, mas
imagino que não seja pouco em comparação ao que recebe mensalmente um auxiliar
seu, um funcionário público que trabalhe em seu gabinete.
Li todo o comentário do magistrado para saber até onde ele
iria em seu “constrangimento” por receber seu salário integralmente e ver, com tristeza,
seu funcionário ganhar tão pouco.
Pois o juiz não avançou além do constrangimento manifestado
inicialmente. Juro que pensei que, diante do que estava acontecendo em seu gabinete,
ele se ofereceria para ajudar seu auxiliar, pelo menos com um pequeno
empréstimo que ajudasse na complementação, em parte, do salário não recebido.
Que nada. A manifestação do excelentíssimo não passou de um “constrangimento”,
de um lamento por ver um “colega” de trabalho receber apenas uma pequena parte
de seu salário no final do mês.
O fato me faz pensar no quanto deve ser complicado para quem
governa, administrar uma situação como a que vive o Rio Grande do Sul.
Certamente, outros estados vivem situação bem parecida, se não pior.
O funcionalismo público, aquele que recebe diretamente dos
cofres do Estado, está com seus vencimentos parcelados e manifesta sua
indignação através de uma greve que, no final das contas, acaba prejudicando,
indiretamente, a quem está com suas dívidas para com o RS e com a União, em
dia. Todos os impostos pagos e, para quem ainda trabalha, todos os descontos
devidamente feitos no contracheque.
Já o pessoal do judiciário, do Tribunal de Contas, servidores
da Assembleia Legislativa, deputados, todos recebendo em dia e salário
integral. São poderes independentes, com orçamento próprio e que não estão
sujeitos ao parcelamento, por maior que seja a crise financeira do Estado.
Claro que fico imaginando se não seria a hora de todos
partirem para o sacrifício, dividindo com seus colegas do executivo, as penas
provocadas pela falta de dinheiro nos cofres estaduais. Se cada um cedesse um
pouco, quem sabe a situação não seria menos trágica para o funcionalismo?
Logo me dou conta que estou sonhando e que, caso o
governador decida mexer no orçamento do judiciário, por exemplo, parcelando o
salário de juízes, desembargadores e funcionários, imediatamente sofrerá os
rigores da lei.
Garanto que nenhum magistrado ficará “constrangido” em pedir a
intervenção do Poder Judiciário no governo. Parcelamento de salários, afinal, é
só para os que ganham pouco!
Tenham todos um Bom Dia!
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