Assuma seus erros, Dilma. Peça desculpas.
E - quem sabe? – poderemos conversar
Ricardo Noblat
Tem tudo para fracassar a diplomacia de Dilma à base de
discursos para plateias de admiradores país a fora e de jantares para políticos
amestrados no Palácio da Alvorada.
Dilma prega para convertidos selecionados mediante a
garantia de que a aplaudirão. E se comporta entre os políticos da maneira que
eles mais detestam: como um superior que dá instruções.
Ontem pela manhã, no Maranhão, o governador Flávio Dino (PC
do B) recepcionou Dilma com gritos de aliados contra o “golpe”. Não há nenhum golpe
em curso no país, mas isso não importa.
O PT e o governo chamam de “golpe” qualquer ameaça de
impeachment mesmo que amparada na Constituição. E assim se comportam como
supostas vítimas de uma direita enfurecida.
À noite, no Alvorada, Dilma jantou com 43 senadores dos
partidos que sustentam o governo no Congresso e 21 ministros. Uma boa parte dos
senadores foi embora depois reclamando dela.
Dilma não dialogou com ninguém – logo ela que só tem falado
em diálogo para que o país atravesse as crises que o atormentam. Todas elas,
diga-se, produzidas por Dilma e a sua turma.
Limitou-se a fazer um discurso indigesto, porque pobre de
ideias e carente de novidades. Dilma cobrou apoio de todos. E, em troca, com
nada acenou.
O senador Paulo Paim (PT-RS) foi um dos senadores que
consideram ter perdido o seu tempo para ouvir a presidente.
Dilma não aprendeu até hoje como proceder entre políticos.
Se sabe como fazê-lo prefere não fazê-lo. E sequer consegue disfarçar a ojeriza
que eles lhe causam.
Arrogante, resiste à proposta de assumir os erros que
cometeu no seu primeiro mandato e de pedir desculpas por eles aos brasileiros.
Esse poderia ser o marco zero para o eventual reatamento de
relações entre o distinto público e ela.
Ninguém a ajudará se ela não pedir ajuda. Se ela não se
deixar ajudar. Se ele, principalmente, não fizer por onde ser ajudada.
Dilma fala como se tivesse o folgado apoio de uma maioria de
governados. Quando, de fato, é rejeitada por 70% deles.
Presidente algum, nem mesmo o deposto Fernando Collor, foi
mais rejeitado do que Dilma é.
Se ela não for capaz de compreender por que tantos querem
vê-la pelas costas, jamais saberá como reconquistar o apoio deles.
Publicado no jornal O Globo
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