Fisgando peixe grande!
Com a condenação de ex-dirigentes da Camargo Correa e o
indiciamento de Marcelo Odebrecht, parece que, finalmente, estamos dando um
largo passo para atingir o coração da corrupção no Brasil. Os intocáveis, os de
colarinho branco, os amigos dos graúdos do poder, finalmente estão na cadeia.
Mas, mesmo diante de fatos devidamente comprovados, não
querem se entregar. Prova é que, mesmo presos, seguem esperneando e tentando
derrubar quem se atravessa no caminho que abriram para seus atos corruptos.
Um exemplo é o que a PF detalha no relatório que justifica o
indiciamento de Marcelo Odebrechet. Como ilustração, reproduzo trechos de
matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo.
A Polícia Federal sustenta ter encontrado
indícios de que o presidente da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia
Odebrecht, lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da
Operação Lavas Jato, buscando criar “obstáculos” e “cortinas de fumaça”, que
contaria com “policiais federais dissidentes”, dupla postura perante a opinião
pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e ataques às apurações internas da Petrobrás.
“O material trazido aos autos aponta para o
seu conhecimento e participação direta nas condutas atribuídas aos demais
investigados, tendo buscado, segundo se depreende, obstaculizar as
investigações”, informa o delegado da polícia federal Eduardo Mauat da Silva,
um dos coordenadores da equipe da Lava Jato”
O delegado ainda
esclarece, em seu relatório, que Marcelo tinha pleno e total conhecimento do
envolvimento da Odebrecht no esquema criminoso e que, mesmo assim, tentava
adotar uma postura de confronto, inclusive envolvendo agentes da PF.
Um dos pontos mais graves da conduta atribuída
a Odebrecht para tentar neutralizar as investigações seria a “utilização de
‘dissidentes’ da Policia Federal. No Relatório de Análise 417/2015, da PF no
Paraná, consta: “Marcelo ainda elenca outros passos que devem ser tomados
identificando-os como ‘ações B’, tido aqui como uma espécie de plano
alternativo ao principal.”
“Dentre tais ações estão ‘parar apuração
interna’, ‘expor grandes’, 'desbloqueio OOG’ (Odebrecht Óleo e Gás), ‘blindar
Tau’ e ‘trabalhar para anular (dissidentes PF…)’. Chama a atenção esta última
alternativa, cuja intenção explícita de Marcelo Odebrecht, conforme suas
próprias palavras, é para/anular a Operação Lava Jato.”
Em outro ponto das anotações do empreiteiro
analisadas pela PF, foi identificada a menção a “dissidentes PF…”.
“Uma referência clara à Polícia Federal, ou
pelo menos a alguns de seus servidores, ora, ao que parece pela leitura do todo
(anotações), Marcelo teria a intenção de usar os ‘dissidentes’ para de alguma
forma atrapalhar o andamento das investigações, e, se levarmos em consideração
as matérias (grampo na cela, descoberta de escuta, vazamento de gás, dossiês)
veiculadas nos vários meios de comunicação, nos últimos meses, que versam sobre
uma possível crise dentro do Departamento de Polícia Federal, poder-se-ia,
hipoteticamente, concluir que tal plano já estaria em andamento.”
Ao ler o texto do
Estadão e de outros veículos de imprensa, fico imaginando o tamanho da sujeira,
o imenso volume de corrupção e o quanto ainda resta ser apurado. Dos chamados
peixes grandes, parece que os primeiros estão sendo fisgados. Mas a sensação
clara que fica é que existem os maiores, aqueles que buscam habeas corpus, os
que tentam anular investigações e os que passaram anos se locupletando do
dinheiro sujo das propinas.
Tudo sem falar naqueles
que insistem em afirmar que nada está acontecendo, que são fatos antigos que
sempre existiram, numa tentativa clara de querer discursar como faziam há mais
de trinta anos. Os que pregavam a moralidade, a decência e a transparência, querendo
convencer a todos de que eram diferentes dos demais, seguem imaginando que
somos um bando de idiotas que acreditam na pureza dos que roubam
descaradamente. Para eles, os ladrões, os corruptos e os mentirosos são vitimas da ’imprensa golpista’.
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